Pesca aguarda mais concessões

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Ter, 24/10/2006 - 12:22


Tendo em conta que é na região que correm os melhores rios truteiros do País, casos do Tuela, Rabaçal e Sabor, a criação duma feira dedicada a este sector era quase inevitável, até porque nas albufeiras transmontanas também não faltam achigãs, uma espécie que tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos.

Segundo António Gonçalves, dirigente da Associação Brigantina de Pesca Desportiva (Bripesca), a truta continua a ser o peixe mais cobiçado, mas o achigã está a ganhar terreno, devido ao seu carácter altamente desportivo e à abundância nas albufeiras da região. “É um peixe que dá muita luta, porque, além de ser difícil de pescar, liberta-se facilmente do anzol e pode ser pescado durante todo o ano”, explicou o responsável.
Tal como na caça, o distrito de Bragança tem condições excepcionais para a prática da pesca, mas neste sector é urgente concessionar mais albufeiras e troços de rio para reforçar a fiscalização e começar a promover a prática da chamada pesca sem morte. “A pesca tem a vantagem de se poder pescar e libertar, o que faz com que os recursos se mantenham e haja garantias de apanhar peixe”, alega António Gonçalves.
A diferença entre fazer um couto de pesca direccionado para o turismo, onde se exige licença para pescar e se limitam as capturas, pode residir na preservação das espécies.
Por isso, enquanto o número de concessões não for suficiente, “vamos continuar a ver pessoas a pescar para vender aos restaurantes, o que é um negócio condenável”, desabafa o dirigente.

“A pesca tem a vantagem de se poder pescar e libertar, o que faz com que os recursos se mantenham e haja garantias de apanhar peixe”

Para alertar os pescadores para estas questões, a Norcaça & Norpesca terá uma função pedagógica, principalmente no decorrer do seminário em que o campeão nacional de Pesca ao Achigã, Jaime Sacadura, falará de “Pescar e Libertar”.
A ansiada nova Lei da Pesca em Águas Interiores, por seu turno, será o tema da comunicação de Jorge Bochechas, representante da Direcção-Geral dos Recursos Florestais – Divisão de Pesca em Águas Interiores.
Além dos expositores ligados à actividade piscícola, dois lagos artificiais gigantes emprestarão a necessária componente didáctica e formativa ao certame, que contará com a visita de diversas escolas.
É nestes lagos, montados no interior do pavilhão do NERBA, que decorrerão as provas de demonstração de pesca ao achigã e truta.
Este ano, pela primeira vez, decorrerão actividades no exterior, nomeadamente um convívio de pesca ao achigã na barragem do Salgueiro (Vilarelhos-Alfândega da Fé) e uma acção de pesca em caiaque na albufeira do Azibo.
Segundo o vice-presidente da Câmara Municipal de Bragança, Rui Caseiro, a introdução da pesca no certame, em 2005, visa “valorizar e potenciar os enormes recursos naturais da região e dar resposta ao elevado número de pescadores que ansiavam por um evento desta natureza”.
Tendo em conta o alargamento da vertente desta 5ª Feira Internacional do Norte, a organização só é possível graças ao envolvimento de um grande número de entidades, associações e cidadãos que, “de forma voluntária e desinteressada, dão o seu melhor para que o certame seja um sucesso”, sublinhou o autarca.