“Permanecei no Meu Amor”

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Ter, 06/06/2006 - 15:59


O que é que verdadeiramente mais inquietará uma pessoa: são os trabalhos da vida ou serão os problemas da consciência?

Se uma consciência não está em paz, por mais veementes que sejam as declarações de inocência que faça ou por mais mediáticos que sejam os ataques à justiça, cedo ou tarde não esconderá a inquietação que lhe vai na alma.
A paz da alma está na limpidez de comportamento e na honestidade de atitudes: “guardai os meus mandamentos” diz-nos Jesus. Estes que assim procedem não têm receio da prisão preventiva nem de fugas ao segredo de justiça, menos ainda de escutas telefónicas: estão em paz!
Quem guarda os mandamentos de Deus permanece no Seu amor e a sua alegria é completa porque nele está a alegria de Jesus Cristo, alegria que traduz a Sua fidelidade a Deus Pai, a alegria da perfeição.
Só o espírito de serviço e a disponibilidade para o sacrifício iniciam naquela alegria que é fruto da purificação dos afectos, da aprendizagem do verbo amar, conjugada não só no presente como no futuro. É uma alegria desconhecida para aqueles que apostam em nada fazer, em nada acabar, em nada se comprometer e que andam a enganar meio mundo.
Podíamos, talvez, conjugar hoje o verbo “permanecer” com a solidez na amizade, com a fidelidade à palavra dada, com o amor conjugal, com o compromisso de serviço aos outros, com a perseverança no cumprimento das exigências da fé.
“Permanecei no Meu amor” diz-nos Jesus Cristo. O Amor que vem de Deus tem um rosto, tem um nome e tem uma forma: Jesus Cristo. Só no testemunho de Cristo, o cristão percebe a altíssima dimensão do amor. O amor, que vem de Deus, não tem as nossas medidas. Não tem mesmo medida. A medida do amor é amar sem medida! Jesus di-lo: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos”. O amor foi-nos dado para ser dado. É Dom de Deus para se tornar Dom aos outros. Por isso, a referência do amor cristão é a entrega de Cristo.
Sem este sentido do amor, como realidade divina na vida humana, está cavado o precipício, para onde derrapam todas as caricaturas do amor: o mero sentimento que permanece apenas enquanto dura a boa vontade, o afecto apaixonado que resiste na medida da satisfação e do interesse pessoal, ou, pior ainda, o simples jogo de prazer que dura tanto quanto o instante em que acontece! “Permanecei no Meu amor. Digo-vos isto para que a Minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa”.
Pe. José Rodrigues