Páscoa estragada em Sendim

PUB.

Qua, 26/04/2006 - 10:32


Os ânimos exaltaram-se no Domingo de Páscoa no interior da igreja matriz de Sendim, concelho de Miranda do Douro. Tudo porque o pároco local se recusou a realizar a pequena procissão em honra do Santíssimo Sacramento, que decorre entre o templo e capela de Santo Cristo, numa extensão de pouco mais de 100 metros.

Segundo os populares, esta manifestação “faz parte da tradição de Sendim em tempo de Páscoa”, pelo que a recusa do pároco não foi recebida com agrado.
Depois da tentativa de diálogo com o padre Francisco Silva, sem qualquer resultado prático, alguns fiéis retiraram o missal de cima do altar-mor, impedindo a celebração eucarística, como forma de retaliação.
Momentos antes, já uma paroquiana tinha retirado as chaves das portas da igreja, pois havia receio que o pároco fechasse as portas e não deixasse entrar as pessoas.
Durante a missa da Páscoa, o clérigo não arrancou pé da zona do altar e não demonstrou interesse em realizar a tradicional procissão. “O padre não quer fazer a vontade aos paroquianos e não percebemos esta atitude, pois esta tradição já existe há muitos anos e todos os padres a cumpriram”, lamentava Alfredo Afonso, um dos populares indignados.

Guerra aberta

Á medida que o tempo passava, as tentativas de diálogo com o pároco iam aumentando, mas Francisco Silva não recuou nas suas intenções, o que levou os populares a gritarem palavras de ordem no interior do templo, que se encontrava cheio de fieis.
“O padre Francisco Silva quer guerra com os sendineses e quer acabar com as tradições, mas o povo não deixa, porque nós temos o direito de exigir”, avisava Maria Rodrigues.
No meio da confusão, os populares exigiram que o pároco explicasse em público as razões que o levaram a não realizar a procissão, mas isso não aconteceu.
Maria Rosa Mourinho era o exemplo da revolta popular. Em voz alta, defendia que as tradições do povo são para cumprir. “Cresci no seio duma família cristã e nunca tinha assistido a uma cena como esta”, queixava-se a paroquiana.
Recorde-se que “guerra” entre a população de Sendim e o padre Francisco Silva já se arrastam há mais de dois anos, tendo sempre como base a tradições da vila”.