Ter, 13/06/2006 - 16:34
Podia não ser muito funcional mas cumpria a sua missão. No entanto, as modas mudam e cada vez mais se privilegiam o conforto e as melhores condições de trabalho o que veio a ser conseguido com a construção do novo mercado.
No entanto, quando passo pela Praça Camões não posso deixar de sentir uma certa melancolia por já não poder ver o muro de cantaria e os seus três portões coroados de ferro forjado que tanto enobreciam aquele espaço com a sua beleza simples e rendilhada.
Historicamente, a utilização destes dois materiais era tradicional em Trás-os-Montes e um pouco por todo o país. São, sem dúvida nenhuma, nobres e duradouros e transmitem uma sensação de intemporalidade e tradição.
Por isso, nesta época de debates sobre a nova sede, tão necessária e urgente, do Parque Natural de Montesinho e da criação do Centro Interpretativo da Natureza que eu espero não se arraste por muito mais tempo, lembrei-me da possível reutilização da cantaria e do ferro forjado retirados do antigo mercado (os quais não sei por onde andarão ou se ainda existirão), respeitando o antigo sem deixar de privilegiar o moderno.
Penso que, independentemente do projecto de arquitectura a implementar para a futura sede, se poderá utilizar sem que isso atente contra a estética do mesmo, o muro e os portões que tantos segredos nos poderiam contar apenas com o simples facto de os olharmos.
Desconheço o tamanho do terreno e a sua localização (talvez na Quinta da Trajinha, cedido pela Câmara Municipal) onde se implementará a futura Sede do Parque e o tão necessário Centro Interpretativo da Natureza. Sei apenas que com vontade tudo se pode fazer.
Posso imaginar, sem grande esforço, o edifício e os espaços circundantes rodeados por um belo muro feito de cantaria e ferro forjado abrindo-se ao público através de três belos portões com os seus pilares de pedra coroados por belos rendilhados de ferro.
Aqui fica esta pequena sugestão nestes tempos tão conturbados e inseguros mas que temos de transformar em tempos de esperança e cheios de contraditórias emoções e pequenas/grandes alegrias que nos proporciona o futebol que até nos faz recordar das cores da nossa bandeira e das palavras do nosso hino.
Somos um país de contrastes e por isso é tão importante que o moderno e o antigo possam coabitar tranquila e prazenteiramente em toda a sua funcionalidade.
Bragança, 11 de Junho de 2006
Marcolino Cepeda