Pão, música e tradição

Numa organização conjunta da Associação Cultural e Ambiental de Palácios e Câmara Municipal de Bragança, as actividades arrancaram na tarde de sexta-feira com fabrico de pão em forno tradicional. Já a noite foi preenchida com um baile tradicional abrilhantado pelo Grupo de Gaiteiros de Palácios. Ninguém dançou ou tocou até ao raiar do dia, pois na manhã de sábado havia que participar na segada manual, feita de forma comunitária e ao som de cantigas de outros tempos. Os braços tomaram o lugar das ceifeiras mecânicas, ao passo que as juntas de bois substituíram os tractores e os camiões que hoje transportam os fardos de palha. O mesmo aconteceu com a malha tradicional, em que populares separaram o cereal, não com a ajuda de máquinas, mas à custa do suor que escorria pelo corpo de homens e mulheres na tarde de sábado, com os termómetros a ultrapassarem a barreira dos 30 graus centígrados.

Baile antes da merenda

Tal como aconteceu durante a manhã, uma merenda bem recheada esperava todos os que suaram a camisa para obter os grãos de trigo, num grupo constituído por homens e mulheres de todas as idades, entre os quais o vice-presidente da Câmara Municipal de Bragança, Rui Caseiro. E, como em Palácios a palavra “hospitalidade” ainda é o que era, amigos da terra e convidados juntaram-se à festa.
Terminada a malha, jovens da aldeia, ao toque da caixa e da gaita-de-foles, conduziam os trabalhadores para a merenda que decorreu à sombra de frondosas árvores. Mas, como a malha ainda não tinha esgotado todas as forças, antes do repasto houve tempo para dar um pé de dança, mais uma vez ao som de música tradicional. Aliás, diga-se que a Associação Cultural e Ambiental de Palácios leva muito a sério o significado da palavra “tradição”. Tanto assim é que nem a forma de estar à mesa foi descurada durante a merenda da tarde, onde os participantes se sentaram no chão e em fila, à volta de uma longa toalha de linho recheada de pão, rabanadas e pataniscas, entre outras iguarias.

Toques de sino

Enquanto os tabuleiros passavam de mão em mão, o garrafão ia enchendo os copos para matar a sede dos trabalhadores, familiares e convidados.
Após um jantar comunitário, a noite foi animada pela música do Duo de Concertinas Os Amigos de Felgueiras e pelo Grupo Gaitifarra, oriundo do Porto.
Anteontem uma sessão de toques de sino na igreja paroquial recriava, com as devidas explicações, as chamadas para a missa ou o toque a rebate para reunir o povo no combate a um incêndio.
Pouco depois, o 8.º Encontro de Gaiteiros e Tocadores do Nordeste constituiu outro dos pontos altos do Lombada 2006, ao qual se seguiu mais um jantar comunitário.
O grupo de música tradicional Cantares de Antanho e o grupo Quinteto Reis 84 encerrou o festival deste ano, em que o programa de actividades paralelas foi enriquecido com visitas a fornos tradicionais em funcionamento, ao moinho de água e museus rurais.
Tal como em anos anteriores, o espaço foi animado com pequenas barraquinhas de exposição e venda de produtos da terra e artesanais, sendo de destacar a exposição sobre o tema “Ciclo do Pão”.