Qua, 31/05/2006 - 15:17
Levantei-me perto das nove horas. Ainda em pijama, percorri a casa e encaminhei-me para a cozinha. A minha mãe tinha a televisão ligada. Uma locutora simpática, de sorriso artificial, com uma voz clara referia-se à morte, às guerras e a outras tragédias com um grande à-vontade, que me impressionou.
Fico a pensar se não seremos todos vítimas da informação passada publicamente pelos “mass-media”, A verdade é que unem os povos, fazem-nos sentir pena das pessoas afectadas pela fome, pela guerra, mas, o problema é que não passa disso mesmo, pena. Bombardeados com mil e uma tragédias todos os dias, criámos um escudo protector, uma barreira entre as imagens passadas na televisão e o sofá, onde nos sentamos confortavelmente, onde os nossos sentimentos por aquelas pessoas não são mais do que pena. Certamente que, se esses factos acontecessem connosco, não nos limitaríamos a sentar no sofá, mas agiríamos, ajudaríamos as pessoas.
No meu entender, os telejornais, as notícias via rádio, bem como a imprensa deviam ser filtrados antes de chegarem até nós, porque estes meios de comunicação são muito populares, logo criam uma cultura de massas e podem chegar a impor um estilo de vida. Ora, se transmitem violência, futilidade e inverdades a sociedade tornar-se-á violenta, fútil e descrente relativamente aos poderes e instituições.
Contudo, é muito difícil que isto aconteça devido à falta de imparcialidade por parte dos profissionais, seja face à cor política ou a outras tendências, e, também devido à ganância das pessoas: quando vemos um filme, perdemos imenso tempo com a publicidade nos intervalos, estamos sempre a ser aliciados com publicidade enganosa, cujo objecto principal é a mulher; as cadeias de televisão fazem inúmeras sondagens para saber qual é a mais vista. Mas o que é que isso nos interessa? Os jornalistas devem preocupar-se em redigir artigos despretensiosos, que levem ao público do senso comum notícias claras, acessíveis, notícias acerca das quais tenham feito pesquisa e estejam informados sobre o assunto, para não transmitirem falsidades baseadas na opinião pública, que poderão magoar susceptibilidades ou mostrar uma ideia errada do assunto em questão, que é o que leva ao sensacionalismo.
Já pensei em ser jornalista, um dia mais tarde, para poder mudar tudo aquilo que me parece incorrecto. Mas para quê? Afinal, é cada um de nós que, em consciência, deve saber separar tanta mensagem que recebe: o bom do menos bom ou da mentira.
Página do meu diário II
Acordei cedo hoje. E, deitada, fiquei a pensar na crueldade dos homens. Todos os dias somos bombardeados por inúmeras situações, divulgadas pelos meios de comunicação social, de agressões por parte dos seres humanos ao seu semelhante.
Porque é que os seres humanos não resolvem as coisas a conversar? Porque é que os seres humanos, por vezes, têm comportamentos piores que os dos animais?
E, ao falar nestas atitudes de crueldade-violência do homem, refiro-me não só a contendas de rua, mas também a outras tragédias bem mais graves como o racismo, a intolerância face à cor política, religião, costumes, modos de pensar, que afectam milhares de pessoas.
Há grandes casos na história da humanidade, como por exemplo o racismo, na Alemanha, por parte de Adolf Hitler contra a raça judia; o racismo, na África do Sul, que se chamava “Apartheid” e defendia que as raças deviam ser separadas (brancos para um lado e negros para o outro). Foi Nelson Mandela que acabou com esta situação.
A genética já descobriu que todos os homens, qualquer que seja a sua raça, estão biologicamente “construídos” da mesma maneira, portanto, existe apenas uma raça: a raça humana.
É por esta razão que eu levanto as questões: “Porquê o racismo no mundo?”, “Não teremos todos o mesmo direito à vida e ao bem-estar?”.
Devemos aceitar as diferenças porque isso é que faz de nós especiais.
Questiono-me, ainda, acerca das causas das guerras religiosas, uma vez que todas as religiões são caminhos que procuram levar o Homem a Deus, ainda que estes caminhos sejam diferentes. Todas as religiões apelam à paz, ao amor. Porque é que os crentes não ouvem o seu Deus? Cada pessoa deve acreditar naquilo que melhor entender. A violência e o fundamentalismo não nos levam a lado nenhum, apenas servem para destruir vidas, lares, países, …
Porque é que as pessoas não são tolerantes e menos gananciosas? Seria muito mais fácil encontrar estabilidade entre as nações e, desta forma, construir um mundo melhor onde reine a paz e o amor entre os homens. Utopia da minha parte? Talvez, mas tal como diz o ambientalista Edmund Burke: “Ninguém cometeu maior erro do que aquele que não fez nada só porque podia fazer muito pouco”.
Certamente ninguém vai ler o meu diário, mas se isso acontecer, apelo aqui, à consciência individual e à mudança do comportamento de todos para juntos minimizarmos os problemas do nosso planeta.
Ana Catarina