Outubro desfolhou-se

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Ter, 31/10/2006 - 15:33


Começamos já a estar habituados e a dar mais um pouco de atenção, aos comentários de alguns senhores candidatos, na essência, a serem de facto, comentadores.

Seja como for, o certo é que, de algum modo, lhes prestamos a nossa atenção, a nossa crítica e o nosso acordo ou desacordo, consoante a análise feita e o assunto em causa. Não somos obrigados, como ninguém o é, a gostar deste ou daquele comentador, mas sempre é verdade que lhes dispensamos o tempo necessário para os ouvirmos proferir a sua análise.
Hoje é habitual, encontrarmos comentadores em tudo quanto é informação. Jornais regionais e nacionais, televisões nos seus diversos canais de informação debitam comentários e comentadores sobre os mais diversos assuntos. Os mais requeridos são obviamente, os comentários sobre futebol e sobre o governo. Desde sempre, o futebol e o governo andam de mãos dadas. Já há muito que se diz que de Portugal só era conhecido o Fado, o futebol e a política. Se o era pelas melhores razões ou não, isso compete aos analistas, muito embora eu pense que seria pelas melhores razões, pelo menos no que respeita ao fado e ao futebol.
Eu não queria, de modo algum, passar por comentador, mas não me exibo de tecer alguns comentários, talvez mesmo mais opiniões do que comentários, sobre o que este mês representou para o nosso país.
Penso pois, não ser o único a dizer que o mês de Outubro foi um desastre para o governo da nação com as consequências óbvias que daí se podem retirar.
Claro que o país sofre com tudo isso e os portugueses sentem-no no seu íntimo e expressam o seu descontentamento. Não entendo como pode haver tanto desacordo e tanta tomada de decisão tão prejudiciais ao povo português em tão pouco tempo! Parece impossível!
O ministro da saúde, Correia de Campos, foi criticado dentro do seu próprio partido, sendo Carlos César o rosto de tal crítica e desacordo. Impensável!
O primeiro-ministro chegou a ser apelidado de mentiroso nas ruas da capital. Mais de 70 mil pessoas estiveram na manifestação de 12 de Outubro convocada pela CGTP. Sócrates fugiu aos jornalistas para não comentar a manifestação.
Por outro lado, a tão proclamada reforma da administração pública, continua atrasada, chegando Pedro Silva Pereira, ministro da presidência, a reconhecer as carreiras da função pública serão regulamentadas ao longo de 2007, para entrarem em vigor em 2008.
Manuel Pinho fez declarações que teve de remediar por entrarem em conflito com as proferidas pelo primeiro-ministro, acabando por afirmar que tinha somente a intenção de deixar aos portugueses uma palavra de esperança.
A meados do mês, o orçamento faz tremer os portugueses. Impostos e taxas, petróleo e saúde passam a ser mais caros. A despesa pública não abranda! O Estado social enfraquece.
António Costa vai à RTP1 e revela-se um desastre. Incapaz de responder a muitas questões, refugiou-se na propaganda e irritou-se frequentemente mostrando uma arrogância que raiou o insultuoso. Nada digno!
Também a greve de 17 e 18 paralisa milhares de professores e de escolas. Foi uma das maiores greves de professores dos últimos anos. Pretendia-se contestar a revisão do Estatuto da Carreira Docente e as propostas da ministra da Educação. Foi uma vitória estrondosa que a senhora ministra não reconheceu.
Como haveria de reconhecer? Foi necessário o primeiro-ministro afirmar que o governo estava disposto para negociar. Francamente!
No segundo dia de greve, o ministro das obras públicas vem dizer que as Scut passam a ser pagas e quase gera um conflito regional com o autarca do Porto, Rui Rio, que achou que só as Scut do seu concelho tinham sido escolhidas. Como se tudo isto não bastasse, mais declarações polémicas foram pronunciadas pelo secretário-adjunto da Indústria, António Castro, ao referir-se ao aumento da electricidade. Aumentos de 15,7%? Onde se viu? Acabou em metade! Vá lá, vá lá!
Podemos dizer, pois, com alguma pertinência, que esta última semana foi um autêntico desastre para o primeiro-ministro. Até parece que estavam todos contra ele! O seu governo incluído! A firmeza com que chega a proferir algumas decisões, chega a parecer uma encenação face a estes factos que vão acontecendo. Com inimigos destes...
Mas voltando aos analistas e comentadores, estes são apologistas de que o ano de 2007 será muito pior para o governo. Se assim for, imagine-se o que nos espera!