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Outeiro leiloa roscas tradicionais

Ter, 16/01/2007 - 10:42


Na aldeia de Outeiro, no concelho de Bragança, a população reúne-se à volta do Charolo (um andor vestido com cerca de duas centenas de pães doces), para comprarem as tradicionais roscas, que são leiloadas pelos mordomos da festa.

No passado sábado cumpriu-se, mais uma vez, a tradição, com a população a aderir em massa a esta festa de Inverno. Como “quem mais dá, mais amigo é do santo”, as roscas chegaram a ser arrematadas por 20 euros.
Antes de começar o leilão, alguns populares dão um pezinho de dança ao som do grupo de gaiteiros da terra, num bailado onde os homens elevam a rosca na mão. Finda a dança, as roscas são partidas e distribuídas pelas pessoas que assistem à festa.
Trata-se de uma festa muito antiga, que foi passando de geração em geração, onde os jovens também têm uma participação activa. Mesmo assim, os habitantes mais antigos temem que a festa acabe nas mãos dos mais novos.
“Os jovens, para além de terem outras preocupações, também não sabem fazer as tradicionais roscas”, acrescentou Maria Olinda, que participa todos os anos nesta iniciativa.

Na “pandorcada”, a população dança de porta em porta, onde são brindados com os comes e bebes tradicionais

A Festa do Charolo, também conhecida pela Festa de S. Gonçalo, é levada a cabo por 10 mordomos da aldeia, que passam o ramo todos os anos. Após o leilão, mordomos e populares vão entregar a festa às pessoas que, no ano seguinte, ficam responsáveis por cumprir as tradições da aldeia.
Além da Festa de S.Gonçalo, Outeiro também venera o Santo Estêvão. Nas cerimónias realizadas a 26 de Dezembro, são benzidos cerca de 80 quilos de trigo, que depois é distribuído pelo povo.
Mas a festa da rosca não termina com a passagem do testemunho. Depois do jantar, mordomos e populares juntam-se na tradicional “pandorcada”, onde se canta, dança e não faltam os comes e bebes. “ À noite costuma-se dançar uma rosca porta a porta. Corre-se o povo todo. Em cada casa as pessoas costumam dar de comer e de beber”, salientou Clorinda Martins, uma das mordomas da festa.
O dinheiro angariado nesta festa é guardado para cumprir a tradição no ano seguinte, sendo os excedentes entregues à Comissão Fabriqueira, para realizar as intervenções necessárias na igreja da aldeia.