Obras na Cortinha geram protestos

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Ter, 11/07/2006 - 15:13


As escavações e a retirada de terras que estão a decorrer nos terrenos da Cortinha, em Argozelo, concelho de Vimioso, já originaram protestos por parte da população.

Alguns argozelenses consideram “inadmissível” o facto de não terem sido informados sobre a finalidade dos trabalhos que estão a ser efectuados naqueles terrenos, quando aquele património foi adquirido para criar infra-estruturas para a freguesia.
Segundo José Oliveira, habitante da vila, a Cortinha foi adquirida em 1998, porque Argozelo não tinha espaço para a construção de equipamentos públicos.
A partir daí, este habitante afirma que o património foi desaparecendo, sem haver qualquer contrapartida para a população.
“As promessas são muitas, mas o que é certo é que ainda não foi construído nada daquilo que foi prometido. Os cerca de seis hectares vão diminuindo e o dinheiro também ninguém o vê”, assevera José Oliveira.
Neste momento, estão a ser efectuadas escavações nos terrenos da Cortinha pela empresa que está a efectuar os trabalhos de requalificação das minas de Argozelo, uma situação que também não agrada a alguns populares.

“Cortinha vai desaparecendo”

“Se os trabalhos nas minas são uma obra de Estado não vejo porque é que a Junta de Freguesia tem que lhe dar a terra sem qualquer contrapartida. Na minha opinião a Cortinha está a ser dividida em passadiços e não há qualquer tipo de aproveitamento como, inicialmente, tinha sido prometido”, reclama António Oliveira.
Esta posição é partilhada por José Oliveira que considera injusta a doação da terra. “Após a retirada das terras, a Cortinha fica sem valor. Inicialmente a Junta estava contra esta situação, mas depois acabou por ceder sem explicar as razões que os levaram a mudar de ideias”, sublinhou este habitante.
Confrontado com esta realidade, o presidente da Junta de Freguesia de Argozelo (JFA), Luís Rodrigues, afirma que a retirada das terras está a ser feita ao abrigo de um acordo que já tinha sido estabelecido entre a empresa que está a executar os trabalhos de requalificação das minas e a Junta anterior.
O responsável diz concordar com o protocolo estabelecido entre as duas entidades, uma vez que os trabalhos que estão a decorrer nas minas são fundamentais para a vila, acrescentando que, na freguesia, não há outro espaço público onde possa ser extraída a terra.

Venda de lotes chumbada

Quanto à revolta dos populares, o autarca compreende as críticas à forma como o processo foi conduzido, argumentando que o projecto para a utilização da Cortinha ainda se encontra em fase de discussão, pelo que as escavações tiveram que avançar sem haver um plano definido para aquele espaço.
Após a manifestação levada a cabo há cerca de um mês, quando as máquinas “invadiram” os terrenos da Cortinha, os populares lembram as promessas que foram feitas durante as épocas de eleições.
A construção de um quartel de bombeiros, das novas instalações para a GNR e para o Centro de Saúde, bem como a criação de um parque infantil são as principais reivindicações dos argozelenses.
A população não aceita a urbanização daquele espaço para a venda lotes, tendo chumbado o projecto apresentado pela autarquia em Assembleia de Freguesia.
O presidente da JFA garante que as infra-estruturas que estão previstas para a Cortinha vão ser concretizadas durante os próximos anos, após as candidaturas dos projectos aos fundos do Quadro Estratégico de Referência Nacional.
Quando à criação de lotes para venda, Luís Rodrigues afirma que essa hipótese está em cima da mesa, tendo em vista a angariação de dinheiro para investir noutras áreas.