O regresso do contrabando

Assim, vários especialistas espanhóis e portugueses reflectiram em quatro debates temáticos sobre actividades essenciais da sociedade tradicional fronteiriça, desde a língua, aos cantares, às histórias às danças tradicionais de ambos os lados da fronteira.
A organização das palestras, que vão ter continuidade já no próximo sábado, em Zamora, partiu da Associacion Etnográfica Bajo Duero (AEBD), em parceria com o município de Miranda do Douro.
Segundo Pepe Montegudo, da AEBD, é importante mudar a palavra contrabando, dado que ainda tem um sentido algo “pejorativo”. Superando as conotações negativas de clandestinidade deste conceito, “este projecto surge com o propósito de estabelecer uma nova rede de contrabandistas, não de mercadorias, mas sim de ideias, projectos e praticas culturais”, frisou o responsável.

Nova noção de fronteira

O investigador vai, ainda, mais longe ao defender a necessidade de procurar projectos comuns para resolver problemas comuns aos dois lados do rio Douro, como é caso da desertificação. Ao mesmo tempo, “é preciso parar para pensar no que é comum ou diferente às duas regiões ibéricas, para não se cair no erro do desconhecimento mútuo, pois há projectos semelhantes e não vale a pena falarmos da mesma coisas duas vezes”, defendeu Pepe Montegudo.
Por outro lado, “a própria noção de fronteira, definida pelo global, é transformada pelas comunidades de uma outra apropriação cultural do espaço, em que não há destinação cultural, social e económica”, explica a revista El Filandar/O Fiadeiro, uma publicação bilingue de índole cultural, inserida neste projecto, que tem como parceiro o pólo de Miranda do Douro da Universidade de Trás-os-Montes.
A edição, que será publicada já no próximo fim-de-semana, traz uma resenha do que foi o terramoto de 1755 na zona oriental de Trás-os-Montes, da autoria do investigador Carlos D’ Abreu.