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O Nu Cu de Portugal a votos

Ter, 03/01/2006 - 15:38


Em Portugal vive-se um clima de completo alheamento aos problemas dos cidadãos, do estado da sociedade e da situação do próprio Estado. Não vale a pena rebater o que todos dizem diariamente na imprensa (séria) sobre o Estado do pais - ou - estado da Nação.

Certo é que aqui e ali vamos tendo um pouco de alento no passar dos dias e do tempo, aguardando por mais umas eleições a que o sistema chama de autárquicas... Portugal, esse, continua esquecido pelos portugueses, e se o "Rei" nao vai nu, nu está este pais, quando os seus responsáveis e a classe a que pertencem deixam-no andar sem qualquer comentário, antes tudo fazendo para, a luz da democracia e dos seus insignes princípios, colherem os frutos da sua passagem pelas instituições do Estado. A democracia em Portugal vive assente num sistema partidário. Os partidos em Portugal alimentam e mantém a democracia, mas urge perguntar, onde pode o povo encontrar a democracia, quando vê as "histórias" dos mais Ilustres reformados e as compare com as reformas dos que nunca foram ilustres a não ser para os seus filhos?!
Onde pode o povo encontrar a democracia em Portugal, quando vê candidatos à presidência da República com idades compreendidas entre a menopausa e o fim de vida, ou entre a reforma e a morte! Onde pode o povo encontrar a democracia quando vê um país partido em dois rectângulos longitudinais, referindo-se um ao litoral, aparentemente rico, excessivamente povoado, consumista e poluidor, e um interior subdesenvolvido, esquecido, espantado, puro, com potenciais económicos por organizar e explorar?!
Mas onde esta então a democracia? Sabemos que ela pode assentar em duas perspectivas, numa ideal e outra de princípio, mas sempre entendida como uma ideologia. Em Portugal, a Constituição dá aos cidadãos a garantia de que a democracia é a ideologia que o pais persegue, mas onde está o princípio?! Como bem salienta Sartori, a democracia não possui apenas uma função descritiva, possui também uma fundo normativo e persuasivo. Que fazer do comportamento assumido por Fátima Felgueiras, Avelino Torres e outros menos conhecidos?! Ao falarmos na atitude e nos comportamentos dos políticos, não os podemos distanciar dos partidos e estes constituem uma das garantias da democracia. Mas será que a democracia em Portugal só existe ou pode existir com estes partidos políticos?
Diz o povo português com propriedade que "quando as galinhas cacarejam, a raposa está por perto", e este adágio pode aplicar-se ao Portugal em que hoje vivemos. Há poucos dias, Almeida Santos, um veterano da política portuguesa e da política à portuguesa, militante partidário, referiu para quem o ouviu, que não há democracia sem partidos. Será verdade?
Em Portugal, a democracia institucionalizada e os partidos que a mantém estão minados pela ambição desmesurada e desmedida sempre espelhada na corrida as eleições, aos lugares e também... às autarquias. E este clima de vivência e de convivência não cria no cidadão qualquer clima de desconfiança na democracia ou nos partidos, cria outrossim uma vontade forte de não votar, de não exercer um direito constitucional, que não passa disso mesmo, de um direito, tal qual outro direito qualquer - p.ex. o direito à alimentação. E também aqui, o cidadão está perplexo com as condições que hoje Portugal oferece aos seus concidadãos - seja no emprego, na saúde, nos serviços públicos e na educação. Em cada momento, o cidadão esquece a sua condição de português e vê na sociedade portuguesa uma "arena" onde todos se gladiam para obter a sua sobrevivência, tal qual o espírito dos gladiadores da antiga Roma. E assim que hoje se vive como português (...)

Adalberto Costa