O justiceiro

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Qua, 03/05/2006 - 16:02


Há algumas semanas o primeiro-ministro, José Sócrates, foi tema desta habitual coluna, em jeito de antecipação da sua deslocação ao distrito de Bragança. Concretizada a visita confirmam-se as expectativas.

Ou seja, Sócrates não veio ao Nordeste Transmontano para cumprir calendário ou inaugurar obras camarárias, mas para anunciar investimentos de vulto na rede rodoviária.
Era isto que se esperava do primeiro-ministro, um ano depois de tomar posse no cargo de líder do Executivo.
Com a pompa e circunstância próprias das cerimónias em que o Governo tem anunciado as principais reformas para o País, dificilmente o Ministério das Obras Públicas poderá deixar de cumprir o plano de “Acessibilidades a Trás-os-Montes e Alto Douro” apresentado em Bragança.
Em primeiro lugar porque, de uma penada, José Sócrates trazia no bolso a resposta a diversas perguntas que se punham à construção duma auto-estrada até Bragança, a saber: prazo de execução, investimento, traçado e portagens.
Em segundo lugar porque o primeiro-ministro usou e abusou do termo “justiça” para anunciar que a auto-estrada Amarante-Vila Real-Bragança-Quintanilha é a “prioridade das prioridades” em termos de política rodoviária.
Em terceiro lugar porque o Governo ousou apresentar uma calendarização rigorosa para executar a auto-estrada, o IP2 e o IC5, tendo inclusive garantido a antecipação do Plano Rodoviário Nacional no que concerne à região.
Em quarto lugar porque a divulgação dos prazos de execução destas três vias funciona como o início duma contagem decrescente que não se compadece com mais atrasos.
E, se o Governo deixou no ar a intenção de desencravar a região à custa do alcatrão, há um pormenor que deve ser abordado. Sócrates afirmou que, entre Vila Real e Quintanilha, não haverá portagens enquanto os indicadores económicos não igualarem a média nacional. Bem, mas se a auto-estrada vai “engolir” o IP4, que alternativas ficam a partir do dia em que forem introduzidas as portagens (se é que algum isso vai acontecer). A EN 15 não será certamente, pois não?