O jornalismo e a sua importância na cooperação dos territórios transfronteiriços

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Ter, 26/11/2019 - 11:43


“Comunicação social, desenvolvimento e cooperação transfronteiriça” foi o tema de mais um Conselho Raiano de Bragança, que aconteceu no sábado, no Instituto Politécnico de Bragança.

Os jornalistas e o seu papel quer na transmissão da cultura regional quer no desenvolvimento da cooperação entre as zonas raianas foi uma das ideias mais defendidas e discutidas no conselho. A proximidade e parecenças culturais, não têm sido suficientes para uma colaboração efectiva. Esta foi uma das ideias defendidas por Javier Andrés, jornalista especializado em vinhos, agro alimentação, turismo e desenvolvimento rural. O jornalista espanhol afirmou que existe uma falta de cooperação entre os dois territórios e isso é visível quando vai a um restaurante português, a 30 km da fronteira, e não têm a possibilidade de beber um vinho espanhol e mesmo também se verifica do outro lado. Deste modo, o também colunista e locutor, defendeu que o papel que está a ser desempenhado pelos jornalistas não é suficiente. “Não há conexão entre os jornalistas e os meios de comunicação dos dois países e se eles não falarem dos problemas que se passam nas zonas raianas dificilmente vamos conseguir que se torne num espaço comum de cultura”, salientou Javier Andrés, acrescentado que é do meio rural que surgem notícias sobre o “turismo”, “alimentação”, “tradições” e, deste modo, é essencial que em Salamanca se noticie sobre Bragança e vice-versa. Outro dos assuntos discutidos no conselho dizia respeito ao trabalho que tem sido feito pelos jornalistas televisivos. Jorge Wemans, provedor do telespectador da RTP, explicou que é importante que as zonas raianas transmitam uma imagem ou conceito para serem dadas a conhecer. No entanto, admitiu que não sabe qual é a imagem que está a ser transmitida na raia Bragança-Salamanca. Uma das explicações para isso acontecer deve-se ao “desinvestimento do serviço público de televisão”, que aconteceu durante anos, no que diz respeito à “rede de correspondentes locais”. “As realidades locais não podem ser tratadas aos bochechos. Portanto, se há alguma coisa que é preciso fazer com urgência no serviço público de televisão é reforçar os correspondentes locais no território português”, sublinhou. Isabel Ferreira, secretária de Estado da Valorização do Interior, não faltou ao conselho raiano e mostrou-se empenhada em alargar a cooperação entre Portugal e Espanha. “É necessário responsáveis políticos que defendam as nossas posições quando estamos a negociar com os parceiros espanhóis, e com todos os outros parceiros, e agora existe um interlocutor, que serei eu”, afirmou, acrescentando que “todas as competências de cooperação territorial” estão sob a tutela da sua secretaria de Estado. Os Conselhos Raianos acontecem desde 2014, mas a partir de agora a estratégia vai ser diferente. Francisco Alves, presidente da Rionor, associação organizadora dos Conselhos Raianos, avançou que em breve haverá “veladas raianas”, reuniões informais e abertas, com o intuito de atrair mais jovens e associados. O tema da primeira reunião será “Território raianos, que futuro?”.

Jornalista: 
Ângela Pais