O interior

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Ter, 07/06/2005 - 16:14


Sempre que se aproxima o período eleitoral, começa a romaria de políticos profissionais a prometer tudo e mais alguma coisa às populações do interior do País.
Vem isto a propósito da recente visita a Bragança do presidente do CDS-PP, Ribeiro e Castro, que acusa o Governo de só ter dedicado uma linha do seu programa às questões do interior.
É fantástico o modo como alguns políticos despem rapidamente o fato do poder e vestem a camisola da oposição, esquecendo o estilo de governação que imperou em Portugal nos últimos três anos.
Em dois meses de governação, é certo que José Sócrates ainda não deu mostras de querer colocar Trás-os-Montes na lista de prioridades. Mas, dois meses não é tempo suficiente para levar Ribeiro e Castro a afirmar que o Governo esqueceu o interior. Se o novo executivo não tomar medidas de discriminação positiva até final do ano/início de 2006, aí sim, poderá ser acusado, com toda a legitimidade, de não ligar patavina aos distritos mais desfavorecidos.
É que os anos perdidos têm sido muitos e, a cada mês que passa, os distritos de Bragança e Vila Real perdem gente, ainda por cima jovem. Por isso, aconselha-se rapidez na implementação de medidas.
Os últimos três anos de governação, contudo, em nada contribuíram para estancar esta sangria e não se ouviu do CDS-PP, fosse da boca de Paulo Portas ou de Ribeiro e Castro, palavras em defesa do interior. Do ex-líder popular, o que se conhecia eram visitas relâmpago ao distrito de Bragança com discursos virados para os media nacionais.
Dos dirigentes concelhios e distritais do partido também pouco há a dizer. Enquanto colocados em lugares da Administração Pública, não se lhes conheceu qualquer intervenção em defesa dos interesses da região, mesmo quando o Governo decidiu extinguir serviços e levar postos de trabalho para outras zonas do País.
Mas, agora que o CDS-PP regressa à oposição é preciso prometer muito para arrebanhar votos. Por isso, reivindique-se aquilo que ficou na gaveta nos últimos anos, como a auto-estrada até Quintanilha e a conclusão do IC5. Enfim, a política é isto mesmo, infelizmente.