O “calvário” dos alunos de Saúde

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Ter, 24/01/2006 - 14:44


Cerca de 15 minutos é o tempo que os alunos da Escola Superior de Saúde de Bragança (ESSB) levam a fazer o percurso, quase diário, até à Escola Superior Agrária de Bragança (ESAB). É uma situação que se verifica há cerca de três anos, altura em que novos cursos na área da Saúde foram abertos.

As instalações da ESSB começaram a ser insuficientes para acolher e para garantir um ensino de qualidade aos estudantes, daí que tenham que se deslocar até à ESAB para utilizarem os laboratórios.
Uma aluna de Saúde, que prefere manter o anonimato, afirma entender este problema, e admite, mesmo, que talvez sejam os alunos da ESAB os mais lesados com toda a situação. “Inicialmente, os estudantes dos cursos da Agrária reclamavam, diziam que os de Saúde eram os privilegiados, porque tiravam partido das infra-estruturas e os horários eram feitos conforme as suas necessidades”, relata a jovem. Contudo, com o passar do tempo, “já nem dizem nada, pois habituaram-se a ver-nos passar nos corredores e utilizar os laboratórios”, concluiu a discente.
O maior transtorno para os alunos é, na óptica de uma estudante da ESSB, Rita Sousa, “andar sempre a correr de uma escola para outra e, mesmo assim, chegar atrasada às aulas”. Este problema já é bem conhecido de todos na ESSB. De tal modo, que “os professores já estão informados e compreendem as faltas de pontualidade constantes”, continua a aluna. Ainda que Rita Sousa entenda a situação, não deixa de lamentar as constantes deslocações de escola em escola. “Chego ao final do dia sempre esgotada, porque andar de um lado para o outro, sem tempo para nada, nem mesmo para comer durante os intervalos, é muito cansativo”, desabafa a aluna.

“IPB como um todo”

O presidente da ESSB, Gilberto Santos, confirma as afirmações dos estudantes. “Os laboratórios necessários a alguns cursos estão na ESAB e é por isso que os discentes têm que se deslocar para lá”, reconhece o responsável. Porém, ninguém é prejudicado ou beneficiado, como alguns alunos alegam. “O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) tem que ser visto como um todo e se os laboratórios pertencem ao instituto, então são para usufruto de todos os estudantes do IPB, independentemente da escola”, explica o docente. Esta situação é, na opinião de Gilberto Santos, a única maneira de garantir uma qualidade de ensino a todos os cursos e alunos. “Está a fazer-se um esforço para satisfazer todas as necessidades e carências, de modo a que todas as áreas tenham uma formação de grande qualidade”, garante o responsável.
Com cerca de 600 alunos, a ESSB tem visto o número de estudantes aumentar de ano para ano, o que impossibilita soluções imediatas em matéria de infra-estruturas. Aliás, foi no primeiro ano de funcionamento que se verificou maior confusão ao nível das deslocações dos alunos da ESSB para a ESAB. “A primeira vez que esta situação aconteceu foi mais complicado. Os alunos da Agrária não estavam habituados e, nessa altura, chegámos mesmo a ocupar algumas salas de aulas”, recorda o presidente da ESSB.
Actualmente, os responsáveis das escolas tentam contornar esta vicissitude, elaborando horários que condensem todas as aulas de um dia, ou grande parte delas, no mesmo local, evitando deslocações mais frequentes.
Apesar da situação, Gilberto Santos garante que os recursos humanos e materiais estão plenamente assegurados e que as deslocações não influenciam, em nada, a qualidade dos cursos. A necessidade mais urgente, segundo o responsável, é mesmo a construção de um auditório destinado à ESSB. “Temos que requisitar constantemente os espaços à ESAB e aí é que surgem mais problemas, pois temos que nos sujeitar à sua disponibilidade para os podermos utilizar”, lamenta o docente. Esta carência é a mais visível, uma vez que a maior parte dos cursos da área da Saúde tem aulas de seminário e palestras que só podem decorrer em auditórios.