A nossa Selecção

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Ter, 06/06/2006 - 16:34


Depois do Luxemburgo, eis que a Selecção Nacional de Futebol aterra na Alemanha sem dizer “olá” às centenas de portugueses que aguardavam a comitiva com muita saudade, hospitalidade e, até, ranchos folclóricos.
Já em terras luxemburguesas houve emigrantes que largaram os empregos e calcorrearam dezenas de quilómetros para receberem a selecção das quinas, mas sem sucesso. A equipa aterrou, olhou e meteu-se no autocarro a caminho do hotel, espelhando a desilusão pelo rosto dos portugueses que só queriam um sorriso, um autógrafo ou uma simples palavra de gratidão pelo apoio à Selecção.
Na Alemanha repetiu-se a “novela à portuguesa”. Os jogadores das quinas passaram pelos apoiantes lusos a “todo o vapor” e só conseguiram deixar para trás uma onda de desprezo e antipatia. “Pelo menos podiam ver que estamos aqui e dizer um olá”, lamentava uma emigrante aos microfones da TVI, com a desolação estampada na face.
De facto, esperava-se outra postura duma equipa comandada por um seleccionador que, apesar de ser brasileiro, tem conseguido convencer os portugueses a decorar as varandas e janelas com a bandeira verde e vermelha.
Em primeiro lugar porque pedir o apoio dos portugueses implica saber acarinhar as gentes lusas, seja em Portugal ou no estrangeiro, coisa que não aconteceu.
Em segundo lugar, as vedetas da bola, equipa técnica e restante comitiva devem ter bem presente que, sempre que vestem a lusa camisola, são pagos pelos milhões de apoiantes anónimos. Se não fosse o Orçamento de Estado e os impostos dos portugueses, o que seria do salário milionário do seleccionador, dos prémios de jogo que fazem inveja a qualquer funcionário público e das estadias principescas em unidades hoteleiras de luxo, com serviços e cardápios a condizer?
Fica a pergunta, para que os jogadores não esqueçam que muitos dos emigrantes ignorados no Luxemburgo ou na Alemanha também contribuem (e muito) com divisas para os cofres do Estado que alimentam a Selecção.