Ter, 07/03/2006 - 17:34
Estas operárias foram encerradas na fábrica, onde, entretanto, se declarara um incêndio, que provocaria a morte 130 das mulheres em questão. Neste sentido, em 1910, na sequência de uma conferência internacional de mulheres, realizada na Dinamarca, decidiu-se estabelecer o dia 8 de Março “Dia Internacional da Mulher”.
As mulheres sempre foram discriminadas, estando em segundo lugar na escala de valores. O impulso a favor da emancipação da mulher tem gerado, em todo o mundo, uma maior atenção para o papel preponderante que ela assume na sociedade. Neste contexto, a contestação e revisão de preconceitos e limitações impostos à mulher têm sido a força propulsora da mudança: desde o século XVII até aos nossos dias, as mulheres têm vindo a adquirir direitos, tais como o direito à educação, à participação na vida política e ao acesso ao emprego.
No entanto, em Portugal, por exemplo, o dia 8 de Março só pôde ser assinalado após o 25 de Abril. Até então, a reflexão acerca do papel da mulher na sociedade portuguesa e no mundo estava interdita.
Passados quase 150 anos de luta pelos direitos das mulheres, esta parece ainda não ter findado. Em muitos países, como Nigéria, a maioria dos povos muçulmanos, entre outros, verifica-se ainda uma privação muito cruel dos direitos das mulheres.
As mulheres nigerianas são testemunhos de uma discriminação atroz, privadas dos seus direitos civis e políticos. Ainda mais grave é o facto de serem vítimas de sentenças de morte por lapidação. Um bom exemplo de tamanha barbaridade é a situação ocorrida em Março de 2002, em que um tribunal do Estado de Katsina da Nigéria condenou à morte por lapidação uma cidadã, que, estando divorciada, confessou ter dado à luz uma menina. O tribunal impôs-lhe a sentença de ser enterrada até o pescoço para que o povo apedrejasse a sua cabeça até à morte. Neste país, decretam-se também sentenças de morte às mulheres que cometam adultério e que mantenham relações sexuais pré-matrimoniais. No entanto, o problema não é só político: o sistema de valores e a compreensão face aos direitos e obrigações tem ainda muito que progredir, no sentido de se tratarem questões, tais como a liberdade de expressão e a capacitação das mulheres.
Mesmo nos países em que se pensa já ter passado a febre opressiva e discriminatória para com a mulher, a luta pelos direitos que lhe pertencem é uma realidade que subsiste, nomeadamente no mundo laboral. Mesmo com avançadas resoluções da Comunidade Europeia, que chamam a atenção para a necessidade de acções para combater o desemprego feminino e promover a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, vivem-se tempos de grande precariedade na Europa, que aposta na mão-de-obra barata feminina de países de Leste, em sectores como os têxteis e a electrónica.
O Dia Internacional da Mulher é, então, sinónimo de uma luta levada a cabo por ideais de liberdade, justiça e igualdade para a mulher, a fim de alcançar a posição de neutralidade que lhe pertence, para que possa ser vista enquanto ser humano, capaz de sonhar, lutar, criar, inovar, cumprir-se… A grandeza de homens e mulheres está em conseguirem ser cada vez mais e melhor, independentemente de sexo, raça, género ou religião.
Neste dia é fundamental homenagear aquelas mulheres que ainda lutam por direitos tão básicos como a educação, o direito ao trabalho e à família; a todas as que sofrem abusos físicos e psicológicos; às que, após anos de maus-tratos, apostam num recomeço; a todas as mães, provas de coragem, dedicação e amor...
Por tudo isso, viva a mulher, não apenas no dia 8 de Março, mas sempre…! Porque a mulher, ninfa da verdade, não precisa de nenhuma data pré-estabelecida. Por si só, já é especial!
Ana Luísa P. Esteves
(Clube de Jornalismo da Escola Secundária Abade de Baçal)