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À Mulher, Ninfa da Verdade…

Ter, 07/03/2006 - 17:34


A 8 de Março de 1957, um grupo de operárias têxteis de Nova Iorque ocupou o seu local de trabalho, a fim de reivindicar a redução de um horário de mais de 16 horas por dia (durante as quais recebiam menos de um terço do salário dos homens), para 10 horas.

Estas operárias foram encerradas na fábrica, onde, entretanto, se declarara um incêndio, que provocaria a morte 130 das mulheres em questão. Neste sentido, em 1910, na sequência de uma conferência internacional de mulheres, realizada na Dinamarca, decidiu-se estabelecer o dia 8 de Março “Dia Internacional da Mulher”.
As mulheres sempre foram discriminadas, estando em segundo lugar na escala de valores. O impulso a favor da emancipação da mulher tem gerado, em todo o mundo, uma maior atenção para o papel preponderante que ela assume na sociedade. Neste contexto, a contestação e revisão de preconceitos e limitações impostos à mulher têm sido a força propulsora da mudança: desde o século XVII até aos nossos dias, as mulheres têm vindo a adquirir direitos, tais como o direito à educação, à participação na vida política e ao acesso ao emprego.
No entanto, em Portugal, por exemplo, o dia 8 de Março só pôde ser assinalado após o 25 de Abril. Até então, a reflexão acerca do papel da mulher na sociedade portuguesa e no mundo estava interdita.
Passados quase 150 anos de luta pelos direitos das mulheres, esta parece ainda não ter findado. Em muitos países, como Nigéria, a maioria dos povos muçulmanos, entre outros, verifica-se ainda uma privação muito cruel dos direitos das mulheres.
As mulheres nigerianas são testemunhos de uma discriminação atroz, privadas dos seus direitos civis e políticos. Ainda mais grave é o facto de serem vítimas de sentenças de morte por lapidação. Um bom exemplo de tamanha barbaridade é a situação ocorrida em Março de 2002, em que um tribunal do Estado de Katsina da Nigéria condenou à morte por lapidação uma cidadã, que, estando divorciada, confessou ter dado à luz uma menina. O tribunal impôs-lhe a sentença de ser enterrada até o pescoço para que o povo apedrejasse a sua cabeça até à morte. Neste país, decretam-se também sentenças de morte às mulheres que cometam adultério e que mantenham relações sexuais pré-matrimoniais. No entanto, o problema não é só político: o sistema de valores e a compreensão face aos direitos e obrigações tem ainda muito que progredir, no sentido de se tratarem questões, tais como a liberdade de expressão e a capacitação das mulheres.
Mesmo nos países em que se pensa já ter passado a febre opressiva e discriminatória para com a mulher, a luta pelos direitos que lhe pertencem é uma realidade que subsiste, nomeadamente no mundo laboral. Mesmo com avançadas resoluções da Comunidade Europeia, que chamam a atenção para a necessidade de acções para combater o desemprego feminino e promover a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, vivem-se tempos de grande precariedade na Europa, que aposta na mão-de-obra barata feminina de países de Leste, em sectores como os têxteis e a electrónica.
O Dia Internacional da Mulher é, então, sinónimo de uma luta levada a cabo por ideais de liberdade, justiça e igualdade para a mulher, a fim de alcançar a posição de neutralidade que lhe pertence, para que possa ser vista enquanto ser humano, capaz de sonhar, lutar, criar, inovar, cumprir-se… A grandeza de homens e mulheres está em conseguirem ser cada vez mais e melhor, independentemente de sexo, raça, género ou religião.
Neste dia é fundamental homenagear aquelas mulheres que ainda lutam por direitos tão básicos como a educação, o direito ao trabalho e à família; a todas as que sofrem abusos físicos e psicológicos; às que, após anos de maus-tratos, apostam num recomeço; a todas as mães, provas de coragem, dedicação e amor...
Por tudo isso, viva a mulher, não apenas no dia 8 de Março, mas sempre…! Porque a mulher, ninfa da verdade, não precisa de nenhuma data pré-estabelecida. Por si só, já é especial!

Ana Luísa P. Esteves
(Clube de Jornalismo da Escola Secundária Abade de Baçal)