Ter, 10/01/2006 - 16:12
Na verdade, ser mulher é um mistério para os homens, porque para elas está tudo sempre claro, desvendado. A mulher reconhece a alma dos outros, sente os que eles sentem, fala a linguagem das crianças, dos bichos, das plantas, dos mudos.
A mulher ouve tudo, todas as dores, os choros, os lamentos, os gritos. Sabe tudo de dor, entende tudo de grito. No seu currículo sobra a discriminação, a desigualdade, desrespeito e humilhação. Submetida, levou anos para mostrar a voz, pois só lhe era permitido mostrar o corpo, muito bem vestido, e a cara.
Séculos de uma luta silenciosa fortaleceram os objectivos, criaram exércitos obstinados, determinados a lutar por condições mais humanas e justas de direitos, deveres e oportunidades.
O tempo passou e algumas vitórias fortaleceram a luta, abriu-se espaço em quase todas as frentes, no trabalho, nos direitos sociais e civis e nos deveres.
Dividindo a "farda" com os sonhos, tem filhos, casa, profissão e companheiro (quase sempre), não descuidando de todos os detalhes que representam sua condição, afinal de contas, o universo feminino é cheio de mimos e acessórios.
Objecto de desejo reconhece o seu poder e é capaz de tudo para conquistar o que é importante. Santo e demónio dividem a alma feminina, dominam e são dominados criando uma dança de humor que se altera facilmente, que muda de cor e padrão, mas que não perde a sintonia, a coerência, a razão.
Dizem que a mulher é complicada, que está sempre a pensar, que ouve demais, que transforma questões simples em coisas complicadas, que questiona tudo. Mas a verdade é que a mulher sente as coisas, percebe as coisas, lê as palavras que não são escritas e quando dá voz a tudo isso, parece complicada. Pena daqueles que não usufruem a sabedoria feminina.