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Mulher ao volante

Ter, 13/06/2006 - 16:29


Milhares de caras diferentes semanalmente. Nenhum dia é igual ao outro. E, nem mesmo o facto de se sentar, cinco vezes por semana, ao volante de um autocarro a faz sentir cansada desta profissão, mesmo quando vence a distância entre Porto e Bragança.

Helena Martins é, aos 25 anos, uma das motoristas mais jovens da Rodoviária de Entre Douro e Minho, parte integrante da Rede Expressos. A função é tipicamente masculina, mas, pouco a pouco, vai sendo conquistada pelo universo feminino.
Condutora de pesados de passageiros há cerca de três anos, esta condutora profissional, natural do Porto, afirma que a chegada ao volante do autocarro marcou a concretização de um sonho, acalentado desde pequena.
O próprio meio onde cresceu (o pai é motorista de transportes pesados) pode ter sido uma influência fundamental para seguir este caminho de asfalto. “Adoro, realmente, aquilo que faço e não me vejo a desempenhar outra função”, acentuou a motorista.
Contudo, antes de decidir enveredar por esta profissão, Helena Martins experimentou trabalhar noutros locais que não conseguiu esquecer o prazer que a condução lhe transmite.
“Estive nos Correios, mas a minha verdadeira intenção era passar dali para os camiões da distribuição”, lembra a motorista. Essa oportunidade acabou por não surgir, mas o seu desejo concretizou-se. “Resolvi avançar com o meu sonho e tirei a carta de condução de pesados de passageiros. Daí até ingressar na Rodoviária foi um pulo”, avança Helena Martins.

A aceitação de todos

Desde que começou a trabalhar, a condutora revela que nunca sofreu qualquer tipo de discriminação por parte dos seus colegas de profissão ou dos passageiros que transporta diariamente. “No início sentia que estava a ser avaliada constantemente, mas agora, como já viram as minhas capacidades, olham para mim normalmente”, faz questão de sublinhar.
Apesar de estar integrada no meio, a motorista adianta que tenta, sempre, manter alguma distância relativamente aos passageiros, não vá surgir alguma piropo de gosto duvidoso.
No entanto, com o passar do tempo, “vamos fazendo amizades com as pessoas que transportamos e começamos a conhecer alguns dos seus hábitos”, reconhece.
Os quilómetros sucedem-se, em especial na carreira Braga-Porto-Braga, mas algumas pessoas ainda não conseguem disfarçar a admiração e surpresa ao verem é uma jovem mulher que conduz os destinos do autocarro. Tudo junto, faz com que Helena Martins se sinta pressionada para desempenhar bem a sua função.

O peso da responsabilidade

Apesar de ser este o seu sonho e de “não pensar em trocar de vida”, Helena acusa o peso da responsabilidade por ter que transportar tantas pessoas. “São imensas vidas que estão, de algum modo, nas minhas mãos”, sublinhou a motorista.
Com a sorte de fazer aquilo que gosta, Helena Martins garante que acorda bem disposta “todos os dias”.
Eis parte do diário de bordo duma jovem motorista que, esporadicamente, percorre o IP4 em direcção a Bragança. Aliás, foi na capital de distrito que o Jornal NORDESTE a foi encontrar, sentada num banco da Estação Rodoviária, a limar as unhas das mãos antes de partir para mais uma viagem de regresso ao Porto.