“A Mitologia dos Mouros”

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Ter, 04/04/2006 - 15:07


As lendas e histórias antigas de Trás-os-Montes e Alto Douro que andaram, durante vários anos, na “boca do povo”, foram, agora, transcritas por Alexandre Parafita.

O livro, intitulado “A Mitologia dos Mouros”, é baseado em registos, orais e escritos, associados a mouros e mouras, monumentos e fontes, rios e outros locais da região.
Ainda hoje, a tradição transmontana testemunha histórias que estão presentes na toponímia e na designação de alguns locais e espaços.
Segundo o autor, ainda que não existam dúvidas acerca da presença cristã e árabe em Trás-os-Montes, a historiografia relativamente à passagem do povo muçulmano no Norte do País é contraditória e, algo, confusa. Nesta região, “a natureza tem alma própria e exerce no homem uma influência espiritual determinante, vive-se paredes-meias com o sobrenatural”, relata o livro.
Assim, desde a infância que este “clima” de mistério era incutido nas crianças. Histórias que envolvem almas penadas, espíritos nocturnos e feitiços são narradas pelos mais velhos e já fazem parte das tradições mais antigas dos transmontanos.

Lendas que perduram

Por toda a província de Trás-os-Montes existem inúmeras lendas que perduraram através dos tempos, sendo que o concelho de Bragança é bastante fértil no que diz respeito a velhas histórias.
Um destes contos fala de um mouro que vivia num castelo em Rebordãos. Esse indivíduo era conhecido pela sua malvadez e pelo cativeiro a que sujeitava as moças das redondezas. O povo planeou destruir o vilão ao sinal de uma vela acesa num prado. Recordando esse episódio mítico, ainda hoje, esse lameiro é conhecido na região como “vela acesa”.
O livro narra também, entre muitas outras, a história da fundação de Bragança. A lenda gira em torno da imagem de Nossa Senhora do Sardão e da Igreja de Santa Maria, na vila do Castelo, cujo templo é, ainda, conhecido pelos mais velhos como Igreja de Nossa Senhora do Sardão.