Mirandela soma e segue na Taça de Portugal

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Ter, 11/10/2005 - 15:54


Jogo da Taça que agradou, e muito, a quem se deslocou ao estádio, assistindo a um hino ao futebol, com duas equipas empenhadas em prestar tributo à correcção com espírito competitivo, tentando tudo por passar à frente.

Os locais, até receberem um grande no seu reduto, para que a sorte os bafejasse para efeitos de tesouraria e brinde aos associados. Os forasteiros, por seu lado, queriam limpar a má imagem da pesada derrota de oito golos do último jogo e, obviamente, prosseguir na Taça.
Com esta atitude, nem o forte calor impediu uma grande movimentação que emprestou ao jogo bem disputado, uma emoção maior.
Com um início de época fulgurante, em que a objectividade e a concretização são protagonistas deixam a exibição para um plano secundário, os alvi-negros cedo deixaram claro que queriam resolver rápido a eliminatória.
Por seu turno, os canarinhos insulares apresentavam uma sólida postura defensiva e um meio campo muito concentrado, como que a dizer o último jogo foi mesmo um acidente.
Mais fortes os locais, cedo fizeram um golo de levantar o estádio, quando Eduardo, consegue levar vantagem perante os dois centrais e, na passada, disparar para as malhas com Ricardo a conseguir ir “lá”, mas só com os olhos.
E aos 18’, novamente Eduardo a ser rasteirado, depois de já ter entrado na área, e se preparava para encher o pé. Castigo máximo que o capitão concretizou friamente com um disparo indefensável.

Forasteiros à defesa

O 2-0 caiu mal no jogo, descomprimindo os locais que passaram a recriar-se mais com a bola em detrimento da objectividade. Tudo em benefício do espectáculo, rasgando a sua arquitectura de jogo em todo o campo com passes longos de flanco a flanco, recortados com as filigranas individuais que faziam as delícias do público.
Os forasteiros também acusaram alguma azia ao resultado, fechando-se mais no seu quadrado defensivo, fazendo do meio campo uma oficina de atletas a não arriscar muito. Mas, se o jogo perdeu aquele espectáculo estonteante, ganhou na interpretação táctica.
O intervalo chegou com os locais a deixarem, no mínimo, dois golos por marcar, e os forasteiros um golo nas mãos seguras de Menezes.
A etapa complementar correu quase toda com as mesmas pinceladas da parte final dos primeiros 45’, até que Luís Moreno resolve dar um ar da sua graça tendo o 3-1 nos pés por duas vezes. Já Alexandre, no seguimento de um canto da direita ao segundo poste, reduz para a diferença mínima. Foi então que se fez dos últimos minutos de compensação uma roda viva de futebol, com os locais a tentarem matar o jogo com o 3-1, e os locais a tentarem o 2-2 que lhes garantiria o prolongamento.
E se o prolongamento era um merecido prémio para a atitude madeirense, que deixou no relvado o suor e a atitude de uma equipa que sabe o que quer no jogo, seria um castigo pesado para os transmontanos. Apesar da tarde menos boa de algumas das suas unidades mais determinantes, casos de Eduardo, Luizinho, Cerejo e Luís Moreno, fez-se a festa do futebol.
O Mirandela carimbou com justiça a passagem na eliminatória. O Câmara de Lobos redimiu-se na sua imagem, recuperando o orgulho desportivo, e a equipa de arbitragem deu uma lição de postura e categoria que deve ser plagiada.

Jogo no Estádio de S. Sebastião em Mirandela, relvado em bom estado, muita assistência, tarde de sol e calor intenso

Trio de Arbitragem da A. F. Braga: João Paulo Silva, Pedro Montes e Pedro Pires - classificação de 0 a 10 – 9,5

Mirandela 4x3x3
Menezes-5, Fábio Pinto-5 (sub-cap) (Luís Moreno-4 70’), Hugo Costa-4, Ramalho-6, Didácio-4, Sanny-5, Veiga-5, Rui Lopes-5 (cap), Cerejo-4 (Jorge-4 80’), Luizinho-4, Eduardo-4
Não utilizados: Paulo Cunha, Loureiro, Clemente, Luís Carlos, Pinto
Disciplina: C.A. a Ramalho 92’
Melhor jogador: Ramalho
Técnico: Carlos Correia

Câmara de Lobos 4x4x2
Ricardo-5, Celsinho-5, Gamarra-4, Miguel Silva-4, Hélder Andrade-5 (sub-cap), Celso-5 (cap), Da Silva-4 (Ângelo-6 30’), Nelinho-5 (Nuno Faria-4 57’), China-5, Alexandre-6, Leonel-5 (Bruno Abreu-4 65’)
Não utilizados: José António e Filipe, só equiparam 16 atletas
Disciplina: intocável
Melhor jogador: Alexandre / Ângelo
Técnico: Robert Silva

Marcha do marcador: 2-0 ao intervalo - 1-0 Eduardo 4’, 2-0 Rui Lopes 18’ g.p., 2-1 Alexandre 88’