Mirandela perde maternidade

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Ter, 08/08/2006 - 14:27


O ministro da Saúde, Correia de Campos, confirmou, anteontem, o encerramento da maternidade de Mirandela, até ao final do ano.

Em entrevista ao Jornal de Notícias (JN), Correia de Campos afirmou que a maternidade de “Mirandela é a que tem menos equipa”, acrescentando que “está assente que vai fechar no final do ano”. As declarações do governante dão resposta à decisão aguardada, há vários meses, sobre a escolha da maternidade do Nordeste Transmontano que vai encerrar.
Recorde-se que, em despacho de 14 de Março, o ministro da Saúde entregou este processo à administração do Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE.
Para tal, a administração do CHNE ficou responsável pela realização de um estudo sobre as condições das salas de parto dos hospitais de Bragança e de Mirandela, no qual iria ser baseada a decisão da tutela.
Apesar dos atrasos anunciados pela administração do CHNE relativamente ao estudo que iria avaliar os serviços, o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar, Henrique Capelas, confirma que já entregou um relatório ao ministério da Saúde.
No entanto, o responsável recusou-se a prestar declarações relativamente ao encerramento da maternidade de Mirandela.

Mirandela “de luto”

As afirmações de Correia de Campos ao JN “surpreenderam” o autarca e a população de Mirandela, uma vez que o ministro antecipou o anúncio do encerramento de uma das maternidades do distrito, numa entrevista de Verão.
“Eu tomei conhecimento desta situação através do JN. Este é um anúncio espantoso, depois do ministro da Saúde, há seis meses atrás, ter deixado essa responsabilidade nas mãos do Centro Hospitalar”, realçou o presidente da Câmara Municipal de Mirandela, José Silvano.
O edil frisou, ainda, que a administração do CHNE recebeu, recentemente, membros da Assembleia Municipal de Mirandela, informando-os que o estudo em curso nunca estaria concluído antes do próximo mês de Outubro.
A decisão anunciada por Correia de Campos, contudo, deixou Mirandela “de luto”, após o autarca ter lutado, de diversas formas, pela manutenção da maternidade na cidade do Tua.
José Silvano afirmou, ainda, que vai convocar uma conferência de imprensa para a próxima quarta-feira, para anunciar as diferentes formas de luta, entre as quais se destaca a colocação de faixas negras nos edifícios públicos.

Recurso aos tribunais

Além disso, o edil mirandelense afirma que está à espera de uma decisão fundamentada por parte do Ministério da Saúde, para contestar a decisão nos tribunais.
“Estamos a escolher uma maternidade, quando as duas juntas não somam mil partos. Por isso, aqui não se aplica a lei dos 1500 partos criada pelo Governo”, vincou José Silvano, acrescentando que, este ano, a maternidade de Mirandela já soma mais 60 partos do que a de Bragança. Até ao final do ano, assevera o edil que a diferença poderá chegar aos 100 partos.
Na óptica do edil, Correia de Campos encerra, agora, a maternidade de Mirandela, para, no próximo ano, fechar este serviço no Hospital de Bragança, uma vez que, José Silvano, acredita que a sala de partos da capital de distrito não vai somar mais de 400 partos anuais.