Milhões de dúvidas

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Qua, 03/01/2007 - 11:53


O investimento de 6 milhões de euros que a REFER pretende efectuar na Linha do Tua levanta mais uma ponta do véu quanto ao futuro daquele troço ferroviário.

As obras de consolidação da linha já decorreram no troço Mirandela-Cachão (onde foram aplicados 2 milhões de euros) e vão, agora, avançar nos restantes quilómetros até ao Tua, sobre os quais paira a ameaça da construção duma barragem na foz deste afluente do Douro.
Tendo em conta que a EDP já encomendou estudos geológicos, ambientais e sócio-económicos, na zona de influência da albufeira, é difícil aceitar os investimentos da REFER, a não ser que a construção da barragem não implique a desactivação de mais uma parte da Linha do Tua.
Caso contrário, não serão só alguns quilómetros de linha que ficarão submersos, mas também largos milhares de euros suportados pelo erário público.
À margem do quadro de investimentos, se a EDP levar o seu projecto a bom porto, a Linha do Tua pode ficar limitada ao percurso Carvalhais-Mirandela-Cachão, numa espécie de alargamento do Metro de Superfície até ao Complexo Agro-Industrial. Nada de novo, até, pois há já alguns anos que as carruagens do Metro chegam ao Tua, ainda que ao serviço da CP.
Por outro lado, se a barragem vier a ser construída, ainda veremos turistas a subir o Tua de barco e a tomar o comboio no Cachão para chegarem a Mirandela e a outros pontos distrito. Ao menos isso. Vendo as coisas nesta perspectiva, a concentração das diversas regiões de turismo sob a designação “Douro” pode não ser a tragédia que se desenhou na última Assembleia Municipal de Bragança. Mais do que perder tempo a discutir pormenores interessa agir para atrair turistas à região. O Douro é uma porta de entrada para milhares de estrangeiros e um manancial que Trás-os-Montes tem de saber aproveitar em vez de virar as costas.