Ter, 05/09/2006 - 14:58
A importância da via nas ligações ao litoral e à vizinha Espanha foi a razão invocada por aquela força de segurança para chumbar a autorização pedida pela Câmara Municipal de Mirandela, uma situação que deixou indigfnado o autarca local, José Silvano.
“Tivemos que esperar 22 anos para saber que o IP4 é uma ligação transnacional e tem grande importância para o comércio. Mas isso só foi importante para travarem a manifestação. Para duplicarem as faixas de rodagem e fazerem obras de beneficiação não tiveram esses critérios em conta”, assevera o edil mirandelense.
Após ter sido cancelada a marcha lenta, que previa a concentração de mais de 1500 carros, cerca de 100 camiões e 200 motos, os cidadãos da cidade do Tua vão-se manifestar através de uma marcha maternal, inspirada nas marchas nupciais.
O encerramento da maternidade de Mirandela está marcado para a próxima segunda-feira, uma decisão do Ministério da Saúde (MS) que a autarquia pretende travar na barra dos tribunais.
Encerramento da maternidade
em tribunal
Esta resolução foi anunciada, na passada quinta-feira, pelo presidente da Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN), Alcindo Barbosa, que se deslocou à cidade do Tua para dar conhecimento da data do fecho da sala de partos. A situação foi fortemente criticada pelo edil mirandelense, dado que os argumentos foram apresentados, apenas, verbalmente.
Esta sentença não agrada ao presidente da Câmara Municipal de Mirandela que, nos 117 artigos da providência cautelar que dará entrada no Tribunal de Mirandela, na próxima quinta-feira, reúne os argumentos que contrapõem as razões apontadas pelo MS.
Os números são a principal arma de José Silvano que apresentou, ontem, em conferência de imprensa, os principais motivos para travar o encerramento da sala de partos.
Durante o ano passado, a maternidade de Mirandela registou 445 partos, enquanto na unidade de Bragança deram à luz, apenas, 360 mulheres. Também nas especialidades relacionadas com a gravidez e com o parto, nomeadamente consultas de obstetrícia e ginecologia, foi a unidade mirandelense que somou um maior número de atendimentos.
Números contrariam
decisão do Governo
Para contrapor uma das razões apontadas pelo presidente da ARSN, José Silvano realça o número de mulheres em idade fértil que residem nos sete concelhos servidos pela maternidade de Mirandela (13 900), contra as 9 mil da área servida pela sala de partos de Bragança.
O edil mirandelense fez, ainda, as contas à distância e ao tempo gasto pelas parturientes que residem nos concelhos ainda servidos pela maternidade de Mirandela para se deslocarem à capital de distrito.
“As pessoas gastam mais de meia hora para chegarem a Mirandela, mas o tempo aumenta se tiverem que se deslocar para Bragança, o que acarreta mais riscos para as parturientes”, sustentou o autarca.
A segurança dos bebés e a qualidade dos serviços prestados nas salas de partos transmontanas é, igualmente, um motivo invocado por José Silvano.
Considerando que a decisão do Governo é ilegal e viola direitos fundamentais consagrados na Constituição, entre os quais a Lei de Bases da Saúde, o município de Mirandela vai contar com o apoio das autarquias de Macedo de Cavaleiros, Alfândega da Fé e Carrazeda de Ansiães, que também vão apresentar providências cautelares contra o despacho do MS.