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Marcas de guerra

Ter, 20/06/2006 - 14:30


Alfândega da Fé foi o ponto de encontro, no passado sábado, para o 31º aniversário da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA). Organizado pela delegação de Bragança, este evento reuniu cerca de 170 pessoas, oriundas de diversos pontos do País.

A ADFA integra antigos militares que adquiriram incapacidades ou deficiências físicas ao serviço das Forças Armadas portuguesas. Assim, esta iniciativa visa, segundo o presidente da delegação de Bragança, Domingos Seca, “dar a conhecer os efeitos da guerra e facilitar a nossa integração na sociedade”.
O responsável abordou, ainda, a problemática das barreiras arquitectónicas que afecta alguns destes homens. “As instituições e autarquias deveriam estar mais atentos aos problemas que afectam a nossa geração”, apelou Domingos Seca.
Para pertencer à ADFA é necessário comprovar, através de médicos, que as deficiências físicas resultam de acidentes ao serviço das Forças Armadas.

Memórias eternas
Nesta comemoração do aniversário da associação podiam encontrar-se antigos combatentes que estiveram em Angola, Guiné, Moçambique e na Índia, até ao 25 de Abril de 1974, altura em que regressaram a Portugal com as mais variadas incapacidades físicas adquiridas ao serviço da Pátria. “Nestes homens é possível encontrar todo o tipo de problemas resultantes destas missões”, recordou o responsável.
No entanto, à parte das deficiências no corpo visíveis já nessa altura, outras marcas começam a surgir agora. Com o avançar dos anos, as capacidades, física e psicológica, ficam mais debilitadas devido ao passado atribulado destes ex-militares. “Foram momentos que nunca se esquecem e fazem parte do nosso dia-a-dia”, explicou um elemento da delegação da ADFA de Bragança, José Cristóvão.
Situações como a falta de água potável, o rebentamento de minas, os combates e, até, o isolamento e solidão a que estes homens estavam sujeitos, provocam, ainda hoje, traumas e um variado leque de problemas, como o “stress de guerra”.
Trata-se de acontecimentos que marcaram um sem número de militares. “No regresso, tínhamos que olhar uns pelos outros, porque alguns vinham demasiado frágeis com todas as situações vividas nos cenários de guerra”, recordou o responsável.