class="html not-front not-logged-in one-sidebar sidebar-second page-node page-node- page-node-163979 node-type-noticia">

            

“A madrugada clareava…”

Ter, 13/06/2006 - 16:29


A madrugada clareava, os raios alegres do Sol entreabriam as portadas da janela, deixando adivinhar o Verão que acordava lá fora. O trinado dos pássaros enchia a manhã de sons agradáveis, que mostravam o que estava a perder, deitada, ainda, na indolência das férias.

Levantei-me. Fui à cozinha. O cheiro convidativo de café ainda quente deliciava-me. Depois do pequeno-almoço, saí. Montada na bicicleta, comecei a pedalar sem rumo certo. Os sonhos, o Sol levaram-me. Perdida no campo e também no pensamento, acerquei-me da casinha de pedra da vinha do meu avô. Sempre fora muito simbólica, aquela casa, utilizada para guardar utensílios do campo ou servindo de resguardo, quando uma chuvada interrompia as vindimas. Mas, para mim, aquela casinha de pedra, de telhado vermelho, sempre fora mais do que isso. Era lá que desenhava as histórias de fadas e anões da minha infância.
Entrei. Agora, escura, abandonada, deserta, tinha um banquinho, de tábuas toscas, ao fundo, onde me sentei. Comecei a olhar o vazio e sorri. Recordei os meus tempos de infância, falei àquela que foi uma meninice feliz. Voltei ao presente. Eram horas de almoçar.
Saí para o Sol, cuja luz me encandeou. Peguei na bicicleta e pedalei com todas as minhas forças, desejosa que uma aragem fendesse aquele calor tórrido de Verão. Senti-me feliz, uma leve sensação de liberdade apoderou-se de mim. Porque se a minha infância teve encantos, a minha idade actual também os tem e, o importante, para nos sentirmos bem, é aproveitarmos o melhor que a vida nos dá.

Ana Catarina