Luz na fronteira

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Qua, 08/02/2006 - 11:06


Dez anos após a queda das fronteiras, as casas que já alojaram centenas de militares da ex-Guarda Fiscal estão em vias de ser recuperadas. Desta parece que é de vez, dirão alguns, enquanto outros duvidarão de tamanha novidade.

A estes, o passado já ensinou a usar de alguma cautela. De facto, a Ponte Internacional de Quintanilha até já era para estar feita, a olhar pelos programas eleitorais dos partidos que já passaram pelo Governo, leia-se PS, PSD ou CDS-PP.
Poucas obras no distrito já foram alvo de tantas promessas, anúncios de projectos, avanços de prazos ou tantas coisas mais para fintar os anseios das populações.
E, como a ponte ainda é uma miragem, é natural que também custe a acreditar que a recuperação das casas vai avançar. Mas, ao que parece, o estaleiro vai começar a ser montado esta semana e a travessia para Espanha vai, mesmo, arrancar nos próximos meses.
O início dos trabalhos vai tornar inevitável a recuperação das casas fronteiriças, que hoje são o pior cartão de visita que um país pode ter. O Instituto de Conservação da Natureza, por via do Parque Natural de Montesinho, não quer uma aldeia de contentores em plena área protegida e o empreiteiro da ponte mostra-se receptivo a recuperar a mini-aldeia para alojar as centenas de operários que vão estar na frente dos trabalhos durante dois anos.
Há poucos meses atrás, ninguém imaginaria um desfecho tão feliz para um conjunto de imóveis invadidos pelo vandalismo e pela degradação durante anos a fio. E, se esta solução já merece aplausos (desde que se concretize, é claro), é bom começar a pensar no futuro, porque é certo e sabido que a adaptação das casas para alojamento dos operários não salvará os imóveis da degradação. Ou seja, quando a empreitada terminar, o ICN terá de avançar com as unidades de Turismo de Natureza, sob pena da mini-aldeia voltar ao estado em que se encontra nos dias de hoje. Se assim não for, todo o investimento a realizar pelo empreiteiro será atirado ao rio, neste caso o Maçãs.