Ter, 06/12/2005 - 16:32
À mesma hora, Porto e Sporting disputavam pontos no Estádio do Dragão, com os adeptos a festejarem golos e lances no café do piso de baixo do reduto bloquista. “Disseram-me que era um risco vir a Bragança numa noite de futebol, porque cá não há muita Esquerda”, reconheceu o líder do BE, mas sem desanimar.
Em mais uma noite fria de Outono, o dirigente realçou a coragem das pessoas que ousaram sair de casa para conhecer os argumentos do candidato bloquista à Presidência da República, que respondeu na mesma moeda. “Quero representar a coragem da mudança de políticas para Portugal. A minha candidatura é contra o comodismo”, anunciou o responsável.
Além do futebol, também a actualidade política marcou a noite de sexta-feira. Poucas horas antes, Cavaco Silva tinha sido entrevistado na RTP por Judite de Sousa e as declarações do candidato apoiado pelo PSD e CDS-PP deixaram poucas dúvidas a Francisco Louçã. “Estou cada vez mais seguro que haverá uma segunda volta e, hoje, Cavaco Silva deixou-o perceber na sua entrevista”, sublinhou o candidato.
Ambiente é tabu
“Mas, se o senhor não for à segunda volta, em quem nos aconselha a votar?”, perguntou um apoiante no período de debate. “Se assim for, votarei no candidato que estiver de frente com Cavaco Silva, seja Mário Soares ou Manuel Alegre, porque é assim que tem de ser”, sustenta Francisco Louçã.
“E se fosse eleito Presidente da República?”, questionou um jovem da assistência. O candidato tentou resumir os compromissos e apontou baterias à privatização de hospitais ou centros de saúde. “Se a Saúde for um negócio, os hospitais terão todo o gosto em receber quem tem dinheiro, mas não quererão receber que não o tem. É por isso que vetarei qualquer lei de privatização da Saúde”, garantiu o dirigente.
Numa sessão em que a maioria dos presentes teve de ficar de pé, o debate terminou pouco passava das 23 horas, mas ainda houve tempo para falar de Ambiente, um tema que Louçã diz não interessar às candidaturas do PS e do PSD/CDS-PP. “Uma grande parte da nossa energia é produzida em centrais termoeléctricas, com grandes emissão de dióxido de carbono e se, em 2008, Portugal não cumprir o Protocolo de Quioto, arrisca-se a pagar 2 mil milhões de euros, quatro vezes mais do que está orçamentado para o aeroporto da Ota”, avisa o candidato.