Ter, 28/03/2006 - 14:17
A linha do Tua, o único troço de caminho de ferro que ainda está a funcionar no distrito de Bragança, faz parte da lista de corredores ferroviários que, de acordo com o anúncio feito pelo ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, vão deixar de funcionar.
Esta decisão é fortemente contestada pelo presidente da Câmara Municipal de Mirandela (CMM), José Silvano, que garante que vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para travar a morte dos transportes sobre carris na região.
O edil mirandelense sublinha que, se esta decisão se concretizar, termina a possibilidade de Trás-os-Montes ter uma ligação por comboio até ao litoral.
“Se a linha do Tua encerrar vamos estar perante a extinção da criação de futuras linhas que nos levem até ao litoral do País”, acrescenta o autarca.
O encerramento dos corredores ferroviários que restam em Trás-os-Montes também é contestado pelo grupo de ambientalistas “Os Verdes” que se manifestam contra a extinção do transporte “ambientalmente mais correcto” e denunciam os graves problemas que se irão verificar ao nível da economia regional.
A par da linha do Tua, “Os Verdes” também se insurgem contra o anunciado encerramento das linhas do Corgo (Vila Real-Régua) e do Tâmega (Livração-Amarante).
Autarquia suporta custos
Neste momento, o metro de superfície faz o transporte de pessoas entre a estação do Tua, Mirandela e Carvalhais, visto que há muitos estudantes a utilizar este transporte para se deslocarem para a escola profissional daquela localidade.
Apesar do encerramento da linha não pôr em causa o funcionamento do metro de superfície, entre Mirandela e Carvalhais, a viabilidade deste meio de transporte está dependente da extensão da linha.
Recorde-se que os custos de manutenção deste meio de transporte estão a ser suportados pela CMM, que estabeleceu um acordo com a CP, alugando-lhe as carruagens para efectuar o percurso entre Mirandela e o Tua.
Aliás, para minimizar os custos que o metro acarreta para o município, há cerca de oito anos que a CMM fez uma proposta ao Governo para que a Linha do Tua passasse a ser explorada por uma empresa denominada “Comboios do Tua”.
“Lutar até ao fim”
De acordo com este modelo de gestão do metro entre Mirandela e o Tua, o Estado pagava 300 mil euros por ano para a manutenção, enquanto a REFER se responsabilizava pelas infra-estruturas, obras e avarias e a CP e autarquias locais suportavam o capital social.
Agora, com o fim da linha anunciado, cai por terra a vontade do edil mirandelense em utilizar o comboio para fomentar o desenvolvimento da região.
“Não é pelo número de pessoas que transporta diariamente, mas sim pelo valor que esta linha e o comboio tem para as populações do concelho, bem como a possibilidade de utilizar este meio de transporte para desencravar a região”, enfatizou José Silvano.
Como forma de protesto o autarca garante que, se for necessário, vai usar o “trunfo” que dispõem neste momento. “Se a tutela não voltar atrás, o metro de superfície, custeado pela Câmara, vai deixar de fazer o percurso entre Mirandela e o Tua e vai passar a ir só até Carvalhais, mesmo antes do Governo encerrar a linha definitivamente”, conclui o edil.