Linha do Tua em risco

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Ter, 11/07/2006 - 15:06


“É insustentável manter uma linha ferroviária que não tem procura”. Esta foi a resposta do ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, quando questionado sobre o futuro da linha do Tua, que faz a ligação entre Mirandela e a Foz do Tua.

O governante afirmou, também, que ainda não há uma decisão tomada quanto às linhas que vão encerrar, mas deixou claro que “não vale a pena gastar dinheiro a sustentar uma coisa que é utilizada por poucas pessoas”.
Mário Lino revelou que o Plano Ferroviário encontra-se em fase de apreciação, tendo desafiado os privados a apostarem neste tipo de projectos.
“Não tem que ser sempre a CP e a REFER a tratar das coisas. Pode haver iniciativa privada e as próprias Câmaras também se podem interessar pelos projectos”.
No entanto, o governante vincou que o Governo não vai manter equipamentos que são “péssimos” para as contas públicas, impedindo a realização de “coisas úteis”.
Dado que o Plano Ferroviário vai ser apresentado no próximo mês de Setembro, Mário Lino recusou-se a dar mais pormenores sobre esta questão.
Desta forma, as linhas ferroviárias transmontanas, nomeadamente do Tua, Corgo e Tâmega, mantêm-se em situação de impasse.

Ligação Outeiro – Vimioso em avaliação

Aliás, esta é também uma preocupação dos membros do partido “Os Verdes”, que consideram a visão do Governo “puramente economicista”, uma vez que está a pôr de lado os direitos fundamentais de mobilidade das populações e as necessidades de apoio ao desenvolvimento de regiões em vias de desertificação.
Durante a visita a Bragança, na passada sexta-feira, Mário Lino falou aos militantes socialistas sobre as acessibilidades do Nordeste Transmontano.
Após ter garantido que o Plano Rodoviário apresentado, no passado mês de Maio, está a decorrer dentro da normalidade, o governante fez questão de falar sobre a situação em que se encontra a ligação Outeiro – Vimioso.
Em relação a este troço, o ministro das Obras Públicas salientou que se trata de uma via que atravessa uma zona difícil, tanto do ponto de vista ambiental, como orográfico.
“Trata-se de um projecto que implica a construção de uma ponte com cerca de 150 metros de altura e, parta além disso, atravessa uma zona onde existem várias espécies em vias de extinção, como é o caso do ‘Rato de Cabrera’”, acrescentou o responsável.

Estrada Nacional até à Puebla

Neste momento, está a ser feito o Estudo de Impacto Ambiental, pelo que se espera que seja submetido à Avaliação de Impacto Ambiental até ao final do ano.
Questionado sobre a ligação entre Bragança e a Puebla da Sanábria (Espanha), Mário Lino vincou a decisão do Governo requalificar a estrada nacional existente, um anúncio que já tinha sido feito no passado mês de Maio, em Bragança.
“É exactamente o mesmo tipo de estrada que encontram do lado de lá da fronteira. A estrada atravessa uma zona do Parque Natural, portanto vamos fazer aquilo que está adaptado ao local e ao tráfego previsível”, concluiu o governante.
O presidente da Câmara Municipal de Bragança, Jorge Nunes, não se conforma com esta decisão e acusa o Governo de estar a apresentar uma solução que é transitória, uma vez que, no futuro, aquela ligação terá que evoluir para um perfil de Itinerário Principal.