Qui, 29/06/2006 - 10:08
Não, não estamos perante uma fuga premeditada ou de um assalto planeado ao milímetro, mas a falar de um passeio organizado pela direcção, docentes e corpo de vigilância daquele estabelecimento prisional.
Foi assim que, na quente manhã da passada sexta-feira, seis reclusos rumaram ao Planalto mirandês, acompanhados de três guardas prisionais e de outros tantos docentes da Coordenação Concelhia de Bragança do Ensino Recorrente e Extra-Escolar, que leccionam no EPB.
O programa teve início no Museu da Terra de Miranda, seguindo-se um passeio pela rua da Costanilha e uma visita à igreja matriz, onde o Menino Jesus da Cartolinha concentrou as atenções do grupo, após as explicações de Maria Margarida, licenciada em História e docente do 2º Ciclo no EPB.
A paragem seguinte ocorreu em Algoso, já no concelho de Vimioso, onde decorreu uma visita à aldeia e ao castelo, que antecedeu um almoço convívio com prolongamento durante a tarde.
Semana Cultural em curso
O passeio é uma das actividades que faz parte duma Semana Cultural que os serviços educativos do EPB estão a organizar. Da agenda de eventos destaca-se a realização de jogos tradicionais, sessões cinematográficas, acções de sensibilização sobre temas na ordem do dia, uma conversa com um escritor e declamação de poesia. Tudo isto para “proporcionar dias diferentes que contribuem para a população reclusa se libertar do stress e ansiedade próprias de um estabelecimento prisional”, explicou Carlos Silva, um dos professores que presta serviço no EPB.
Escusado será dizer que a actividade aguardada com mais expectativa é a visita de estudo, precisamente por se realizar no exterior. Todos os anos, a equipa de docentes do EPB faz questão de organizar um passeio onde se respire alguma liberdade, escolhendo locais de elevada importância histórica e paisagística.
Premiar bom comportamento
Um dos objectivos destas acções também passa por premiar os reclusos que se empenham no processo educativo e de reinserção levado a cabo durante o ano. Por isso, o grupo que visitou Miranda do Douro até poderia ser maior, só que alguns elementos não reuniam as condições jurídicas exigidas pela Direcção Geral dos Serviços Prisionais (DGSP) e tiveram de ficar. “Queríamos muito que viessem porque são merecedores disso, já que andam na escola, trabalharam muito nas obras do Estabelecimento Prisional e queríamos premiá-los”, explicou Olinda Simões, técnica de educação, acrescentando que não foi possível obter autorização da parta da DGSP.
O grupo que viajou até ao Planalto Mirandês era constituído por indivíduos a cumprir penas entre os 3 e 18 anos de cadeia, todo eles em Regime Aberto Voltado para o Interior, no âmbito do qual são efectuados trabalhos fora das quatro paredes, mas sem sair do perímetro da cadeia.