“Lézinho” carrega cruz há 20 anos

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Ter, 05/09/2006 - 14:33


“Lézinho” é o nome que, carinhosamente, as pessoas chamam a António Barreira, sempre que o abordam na rua ou lhe pedem para transportar a cruz que acompanha todos os funerais da cidade de Bragança, em direcção ao cemitério velho.

Este homem, que nunca foi criança, não falha um enterro que se faça na cidade. Não é necessário que as agências funerárias o chamem, porque a sua casa é defronte à igreja da Misericórdia de onde, na sua grande maioria, saem para a última morada os entes queridos desta terra. Aí, António Barreira está sempre presente.
As pessoas da cidade, que já sofreram a perda de familiares, lembram-se bem da figura do Lézinho, sempre disposto a ajudar na transladação dos funerais.
António Nazaré Barreira nasceu na cidade de Bragança no dia 26 de Novembro de 1951. A sua meninice foi passada na rua Abílio Beça, junto aos antigos Bombeiros Voluntários de Bragança, agora futuras instalações da Região de Turismo do Nordeste Transmontano e da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Bragança. Andou na escola primária da Estacada e foi à inspecção para a tropa quando estas ainda se faziam nas antigas instalações dos Soldados da Paz.
Todas as casas funerárias de Bragança usam os seus serviços para acompanhar, com a cruz, os funerais que se deslocam para o cemitério velho da cidade, pois para o cemitério novo não é possível a deslocação a pé. Como retribuição, Lezinho recebe 5 euros.
Quem priva de perto com este homem, criança no seu relacionamento com os outros - dadas as limitações sempre presentes no seu dia a dia - não deixa de o felicitar pela presença sempre constante nos funerais, que abnegadamente faz questão em acompanhar.
Dizem os mais velhos, que o Lézinho teve sempre o fascínio pelos Bombeiros e, ainda com 5 anos, fizeram-lhe uma farda que, mais tarde, passaria a ser a mascote desta corporação.
Outras passagens da vida deste cidadão do Mundo que, em conversa com o interlocutor, soube dizer: “Eu também sou gente” disse, referindo-se à publicação da fotografia de um bispo num jornal da terra. António Barreira insistiu na ideia de aparecer num periódico, sinal de que também gosta de ser reconhecido pelo seu trabalho.
Sempre que uma acção religiosa sai à rua, junto ao pálio, Lézinho marca presença com o seu fato domingueiro, sempre na expectativa de algum flash o reconhecer. E assim foi.