Lagar de Santulhão aposta em linha ecológica

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Ter, 28/11/2006 - 11:55


O novo lagar de Santulhão, que apresenta uma linha de transformação moderna e ecológica pioneira na região, vai começar a receber azeitona durante a próxima semana.

A ideia de construir um novo equipamento surgiu há seis anos, por um grupo de amigos, que abraçaram um projecto em prol da população.
“Em Santulhão só há um lagar tradicional e as pessoas tinham algumas dificuldades em fazer o azeite. Muitas vezes iam levar a azeitona a localidades vizinhas e regressavam a altas horas da noite”, enfatiza o responsável pela construção do lagar, Manuel Emílio Martins.
A tecnologia avançada destaca-se nesta unidade de transformação, que garante todas as condições de higiene na confecção do azeite.
“A azeitona entra nas máquinas (que vieram da Alemanha) e só sai o azeite para os depósitos. Para além de garantir total qualidade e higiene, também é preciso menos mão-de-obra, o que torna o processo mais económico”, explica Manuel Martins.
Para já, o lagar vai recrutar, apenas, três funcionários, dois dos quais ficarão responsáveis pela parte da laboração, enquanto o terceiro se encarrega da administração.
A par da segurança alimentar, a nova linha de transformação também tem uma vertente ecológica, visto que o lagar não vai produzir resíduos.
“O bagaço é transportado húmido para a fábrica de secagem, ao contrário do que acontece nos lagares tradicionais”, realça o responsável.

A transformação e comercialização de outros produtos regionais faz parte dos projectos futuros da empresa de Santulhão

Manuel Martins afirma que, nesta campanha, deverão receber cerca de 600 mil quilos de azeitona, o que perfaz 300 mil litros de azeite.
Dado que o lagar não trabalha só para os sócios, mas para toda a população, o promotor explica que a forma de pagamento é a maquia. Ou seja, o agricultor paga a confecção do azeite com uma porção do produto.
Apesar da maioria dos produtores levarem o azeite para casa, o lagar também tem uma capacidade de armazenamento de cerca de 60 mil litros, o que lhe permite negociar com os agricultores que pretendam vender o produto.
“Para já vamos vender o produto a granel. Posteriormente, vamos apostar numa linha de engarrafamento e numa marca, que deverá ser associada à azeitona santulhana, uma variedade produzida nas redondezas”, salienta o mentor do lagar.
O lagar, denominado “No Sabor- Agrupamento de Produtores de Azeite e Produtos Regionais de Santulhão”, representa um investimento na ordem dos 400 mil euros, que, para já, foram suportados pelos 51 sócios e por empréstimos bancários.
“Efectuamos uma candidatura ao programa Agris que foi aprovada, mas ainda não obtivemos financiamento devido à falta de verbas”, sublinha o responsável.
Manuel Martins realça, ainda, que, numa fase posterior, a empresa irá apostar na transformação e comercialização de outros produtos regionais, como por exemplo a castanha e os cogumelos.