Investigadores contrariam mitos sobre o consumo de carnes

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Ter, 29/10/2019 - 10:56


O I Congresso Ibero-Americano de Marcas de Qualidade de Carne e de Produtos Cárneos reuniu, entre quinta e sexta-feira da semana passada, no Instituto Politécnico de Bragança (IPB) cerca de 90 especialistas desta área, provenientes de 10 países, para discutir o sector.

Numa altura em que muito se fala da redução do consumo de carne, Alfredo Teixeira, coordenador do evento e docente do IPB, diz que são divulgadas informações incorrectas sobre o tema, o que preocupa produtores e investigadores. “É preciso desmistificar alguns mitos que foram criados acerca do consumo de carnes, particularmente do de carne vermelha”, começou por destacar. “Já estão a aparecer indicações de estudos que vêm desmentir tudo aquilo que se andou a dizer até aos dias de hoje”, como teses que atribuíam ao “consumo de carne a probabilidade de se contrair um cancro”, ou comparavam “o consumo de carne vermelha com o consumo um maço de cigarros por dia”. Segundo o especialista, “foram criados alguns mitos, reproduzidos por muita da imprensa, com grande desconhecimento e sem nenhuma validade científica”, muitas vezes. “São situações que nos preocupam e que, no âmbito dos nossos estudos e do livro que foi publicado pela rede MARCARNE, estão amplamente desmistificadas”, frisa. Alfredo Teixeira entende que também ao nível da poluição ambiental associada às explorações de animais, têm sido difundidos muitas ideias erradas. “Nunca ninguém esclareceu muito bem qual é a responsabilidade da produção animal na emissão de gases de efeito de estufa”, afirma, adiantando que há estudos recentes da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) “que vêm desmentir o que foi dito no passado, quando se comparava as emissões de efeito de estufa de uma vaca ao tubo de escape de um carro”. Segundo o docente do IPB, têm de se avaliar os impactos positivos da produção agro-pecuária para o ambiente, para o PIB e mesmo para a fixação de pessoas em regiões despovoadas como a de Trás-os-Montes, sublinhando que “as associações de criadores de raças autóctones criam os seus animais em regime extensivo e em perfeito respeito pelo meio ambiente”. Este congresso decorreu no âmbito da Rede MARCARNE do Programa Ibero- -Americano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento, CYTED, que nos quatro últimos anos tem trabalhado no desenvolvimento e investigação sobre carnes de qualidade na península ibérica e na América do Sul. “O objectivo principal foi identificar e ajudar a criar marcas de qualidade, principalmente na América do Sul”, referiu Alfredo Teixeira, tendo ainda sido publicado um livro sobre marcas de qualidade no espaço Ibero Americano e Caribe. Para além de Portugal e Espanha, integram a iniciativa países como a Argentina, Brasil, Cuba, Chile, Equador, Paraguai, México e Uruguai.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro