Inaugurações

Desculpava-se o autarca João Teixeira que não se tratou duma inauguração eleitoralista, mas a jornalista Conceição Lino voltava a carga com novas imagens de operários a pintar paredes ou a puxarem cabos da instalação eléctrica.
A SIC decidiu colocar no ar o caso de Murça, mas existem muitos mais por esse País fora. Em Trás-os-Montes, aliás, houve tempos em que os Centros de Saúde eram bandeira de campanha e os resultados dessas inaugurações antecipadas estão bem à vista.
Em Vinhais, o então secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Adão Silva, apressou-se a inaugurar uma nova unidade de Saúde, que só começou a funcionar quase três meses depois.
Em Miranda do Douro, o ministro da Saúde da época, Luís Filipe Pereira, também quis cortar a fita antes do tempo, mas o Centro de Saúde só abriu ontem, nove meses depois da campanha para as Legislativas. Em Fevereiro passado, aquando do acto inaugural, não se viram operários a ultimar a obra, como em Murça, mas a unidade de saúde ainda não estava preparada para abrir. Mas, como aparentemente estava funcional, toca a descerrar a lápide, na tentativa de angariar mais uns votos.
Em Torre de Moncorvo, também houve pressa em mostrar o novo Centro de Saúde, mas a Câmara Municipal bateu o pé, para que o concelho não ficasse sem internamento. A obra estava pronta a abrir, mas a autarquia decidiu pôr travão à onda inaugural, até que fosse assegurada a valência de internamento numa Unidade de Cuidados Continuados.
Outros concelhos não seguiram este exemplo, infelizmente, pelo que utentes de Mogadouro, Vimioso, Carrazeda de Ansiães e Vinhais são, hoje, encaminhados para os hospitais distritais de Bragança, Macedo e Mirandela, por falta de camas nas unidades dos seus concelhos de origem. Será isto a anunciada melhoria nos cuidados de Saúde?