IC5 avança até Duas Igrejas

PUB.

Qua, 17/08/2005 - 14:40


O futuro do IC5, entre Nozelos (Macedo de Cavaleiros) e Duas Igrejas (Miranda do Douro), passa por dois traçados

A primeira solução funciona como variante à Estrada Nacional 216, entre a Ponte de Remondes e Mogadouro, enquanto que a segunda hipótese contempla um traçado que constituirá uma variante à Estrada Nacional 315, entre Meirinhos e Castelo Branco, na continuação da ponte Sardão-Meirinhos. Este traçado possibilita um melhor acesso ao concelho de Freixo de Espada à Cinta.
Apesar de estarem em cima da mesa estas duas possibilidades, os estudos apontam para a conjugação de troços de cada uma das soluções. Contudo, segundo as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) desta obra houve “um maior número de descritores que se mostrou favorável à solução que aponta um traçado mais a sul, aproveitando a ligação já construída entre Sardão e Meirinhos, na Estrada Nacional 315”.
As características “modestas” do traçado relativamente ao restante troço do IC5 não fizeram recuar os técnicos, que consideraram esta solução como a mais adequada para minimizar os impactos negativos da obra.
As conclusões do EIA consideraram que a “abertura de uma nova via com características de Itinerário Complementar mais a Norte iria criar novos impactos”, para além dos que já tinham sido verificados na construção da ligação entre Sardão e Meirinhos.

Aproveitar investimentos

A passagem do IC5 mais a sul da região também é considerada uma solução para melhorar as acessibilidades globais do concelho de Freixo de Espada à Cinta, “sem penalizar significativamente as ligações entre Alfândega da Fé, Mogadouro e Miranda do Douro”.
No que toca ao traçado, as opiniões dos autarcas dos concelhos abrangidos pela via são divergentes, mas todos classificam a obra de “urgente”.
O presidente da Câmara Municipal de Mogadouro, Morais Machado, assume-se como um defensor do corredor ao longo da EN 216 e a Ponte de Remondes, alegando que só assim é possível “desencravar” a parte norte do concelho. No entanto, o autarca considera que o “desenvolvimento dos concelhos do sul do distrito, depende da construção do IC5”, pelo que acabou por concordar com o traçado delineado. Na óptica do edil, Mogadouro vai ficar prejudicado a Norte, mas vai ficar a beneficiar das ligações ao Sul e ao litoral”,

Obra urgente

A mesma opinião é partilhada pelo presidente da Câmara Municipal de Alfândega da Fé, João Carlos Figueiredo. “O traçado norte desencravaria mais o concelho de Alfândega, onde temos piores acessos, mas entendemos que os investimentos que já foram efectuados entre Sardão e Meirinhos não devem ser postos de lado”, salientou o edil.
Já o presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta, Edgar Gata, não abdica do traçado mais a sul, uma vez que vai permitir um ligação mais directa do concelho ao IP4 e ao IP2.
O troço que se encontra em consulta pública, até ao mês de Setembro, tem cerca de 80 quilómetros e corresponde à fase mais atrasada deste Itinerário Complementar, que vai ligar o litoral Norte à fronteira espanhola, no concelho de Miranda do Douro. No entanto, o projecto em discussão ainda não contempla a ligação entre Duas Igrejas e a fronteira com Espanha.

Fronteira espanhola
fica de fora

Confrontado com esta situação, o presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Manuel Rodrigo, lembra que o IC5 tem que entroncar com a futura auto-estrada espanhola que vai ligar Quintanilha a Zamora, pelo que considera “lamentável” que o traçado não tenha sido logo definido com o governo espanhol.
O edil teme que esta indefinição vá atrasar ainda mais esta obra, mas garante que vai continuar a reivindicar até que o problema seja resolvido. “Este itinerário é muito importante para o desenvolvimento turístico e económico da região”, recorda.
No distrito de Bragança, o IC5 vai atravessar os concelhos de Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Alfândega da Fé, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Miranda do Douro, cruzando com o IP4 e com o IP2.
O EIA do troço entre Nozelos e Duas Igrejas encontra-se disponível ao público em português e em mirandês. Esta é a primeira vez que um documento estatal se encontra escrito na língua das terras de Miranda, desde que o mirandês foi considerado a segunda língua oficial.