“Hospitaizinhos”

PUB.

Ter, 25/10/2005 - 16:42


Corria o ano de 2002 quando o então secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Adão Silva classificou o Hospital de S. Pedro, em Vila Real, como “o Hospital de referência de Trás-os-Montes e Alto Douro”. Estávamos em pleno III Congresso e, pouco a pouco, foi-se percebendo o que é que o governante quis dizer com aquelas palavras.
Hoje, o Hospital de S. Pedro é, cada vez mais, uma referência na região. Que o digam os bragançanos que rumam à cidade de Vila Real para receber tratamentos e efectuar diagnósticos que continuam à margem dos hospitais de Bragança, Macedo de Cavaleiros ou Mirandela.
A maioria regressa ao Nordeste Transmontano com pena de não ter uma unidade daquelas mais perto de casa ou a pensar nos motivos que levam o Governo a adiar, mais uma vez, a modernização e ampliação do Hospital Distrital de Bragança.
Todos gostariam que assim fosse, mas basta recuar alguns anos para perceber porque é que Vila Real evoluiu e Bragança retrocedeu. Estávamos em 1999 quando o Nordeste Transmontano começa a ouvir falar em Centros Hospitalares ou Grupos de Hospitais. Foi quanto bastou para que a população de Mirandela saísse à rua para impedir que o hospital local perdesse valências para Bragança. Resultado: mantiveram-se os três hospitais quase como estavam, enquanto no distrito de Vila Real assistiu-se ao encerramento do Hospital do Peso da Régua, que foi absorvido pelo da capital de distrito. Tudo em nome da criação do Centro Hospital Vila Real - Peso da Régua, mais tarde transformado em S.A.
Por cá, os hospitais de Bragança, Macedo e Mirandela preferiram continuar a olhar para o umbigo e só a falta de médicos conseguiu fazer as unidades especializarem-se em determinadas áreas, como é o caso da Ortopedia em Macedo de Cavaleiros.
Os resultados estão à vista. Enquanto o distrito de Vila Real só tem dois hospitais (Vila Real e Chaves), Bragança segura três unidades ao longo de um eixo de 60 quilómetros do IP4. Vila Real aposta no tal “Hospital de referência”, enquanto Bragança corre o risco de ficar com três “hospitaizinhos”.