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Gripe Aviaria: Avaliação de risco no contexto regional

Ter, 09/05/2006 - 15:25


A confirmação recente de focos de Gripe Aviária em diversos países da União Europeia, nomeadamente em França, Itália, Alemanha e Grécia, entre outros países, trouxe uma preocupação acrescida a Portugal, no capítulo da saúde animal.

Se é verdade que desde Dezembro 2003 tinham sido confirmados múltiplos focos de Gripe Aviária em diversos países asiáticos, somente em Outubro de 2005 foi confirmado o primeiro foco na Europa (Turquia). Neste momento, contam-se já 25 países europeus com casos confirmados.
Esta doença, que tem na sua origem um vírus influenza do tipo A, H5N1, é de elevada patogenecidade, sendo muito contagiosa entre as aves, atingindo e matando sobretudo os galináceos. Os anatídeos (patos, gansos e cisnes) são aves mais resistentes, constituem os reservatórios naturais dos vírus influenza, podendo assim ser portadoras, sem manifestarem qualquer sintoma.
A disseminação mundial desta doença está ligada às rotas migratórias dos anatídeos. Na Europa, a rota mais importante é a do atlântico leste, que envolve a deslocação de milhões de aves do norte e do árctico para o sul da Europa e África.
Na nossa região, a existência de capoeiras é habitual nas aldeias, estimando-se que mais de 70% dos fogos habitados as possuam. Os espaços utilizados como capoeiras têm na sua maioria condições sanitárias precárias, com paredes e pisos não laváveis, parques cercados em rede, sem cobertura superior e com facilidade de contacto com aves silvestres. Neste quadro e atendendo à existência de milhares de capoeiras na nossa região importa transmitir desde já duas mensagens:

- A primeira mensagem é de Tranquilidade, pois não foi detectado nenhum caso de Gripe aviária em Portugal. Além disso, Trás-os-Montes não é considerada zona de risco, não possuindo nenhuma área de invernação de aves migradoras considerada problemática. Importa também sublinhar que o consumo de carne de aves e ovos é seguro. Continuemos pois a saborear a boa cabidela, sem medo!

- A segunda mensagem apela ao sentido de Responsabilidade de todos os produtores de aves da região, que, colaborando com as autoridades competentes, devem registar as suas aves domésticas nas Juntas de Freguesia (atenção que o registo é obrigatório!). As aves devem estar confinadas num espaço restrito; os cercados devem ter também cobertura superior, para a qual pode ser utilizada, por exemplo, rede de sombreamento, evitando desta forma o contacto com aves silvestres; o alimento e a bebida devem permanecer na área interior da capoeira; as compras de pintos e frangos devem ocorrer somente nos mercados de aves autorizados e que existem em todos os Municípios.
Com a implementação destas medidas, designadas de biossegurança, cada produtor pode ajudar a minimizar o risco e salvaguardar a saúde das suas aves.
Importa sublinhar que os produtores podem continuar a abater os seus animais para autoconsumo, podem, como se referiu anteriormente, continuar a comprar mais aves, sem necessitar para o efeito de qualquer autorização, nem de comunicar o facto à Junta de Freguesia.
Outro esclarecimento que merece ser destacado refere-se às situações de mortalidade de aves domésticas e silvestres. Neste capítulo, compete à Guarda Nacional Republicana a realização das recolhas de cadáveres de aves. No entanto, e sem alarmismos, só deverá ser considerada uma mortalidade suspeita aquela que fuja à normalidade, isto é, não é por morrer uma só galinha numa capoeira, permanecendo todas as outras saudáveis, que esta poderá ser considerada uma morte referenciável. As aves silvestres migradoras que forem encontradas mortas devem ser consideradas sempre suspeitas e como tal devem ser recolhidas de imediato para posterior análise.
Para finalizar, sublinho a importância de reforçar as medidas de biossegurança com o aproximar do Verão, não esquecendo que este é um problema de todos e que poderá persistir durante alguns anos. A Gripe Aviária é essencialmente um problema de saúde animal, e como tal deverá ser encarada – Prevenir a doença nas aves é pois fundamental!

Duarte Diz Lopes