Gabinete de Apoio à Vítima chega a Bragança

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Ter, 07/11/2006 - 10:48


O Governo Civil de Bragança e o Centro Distrital de Segurança Social (CDSS) celebraram, ontem, um protocolo que resultou na criação do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica (NAVVD).

Este espaço está à disposição de todas as pessoas que sejam alvo de algum acto de violência, mas que não tenham coragem de denunciar os agressores às autoridades. “É um gabinete de complementaridade, e não de substituição às entidades, pois vamos trabalhar em rede”, sublinhou o governador civil de Bragança, Jorge Gomes.
O NAVVD vai funcionar com técnicos da Segurança Social que irão fazer o acompanhamento de casos e, caso seja a vontade da vítima, encaminhá-los para as entidades adequadas, como forças de segurança e tribunais.
Na óptica do responsável, as vítimas tendem a dirigir-se, em primeiro lugar, ao gabinete de apoio, uma vez que é discreto e é destinado, somente, a esse fim. “As pessoas contactam as autoridades quando já perderam tudo e não vêem mais nenhum recurso”, sublinhou Jorge Gomes.
O objectivo deste equipamento é evitar que os actos de violência atinjam o extremo e tratá-los na sua fase inicial. “Pretende-se tratar os casos à nascença e não no final, evitando o agravamento de situações”, asseverou o responsável.

Dos cerca de 1000 casos registados, anualmente, no distrito de Bragança, 82 por cento são mulheres

Os actos de violência são infligidos, em 82 por cento dos casos, a mulheres. “O habitual é o uso de força dos homens, mas também verificamos algumas situações inversas”, esclareceu o governador civil.
No entanto, estes casos são, na óptica da directora do CDSS, Teresa Barreira, menos complexos do que o flagelo de crianças e idosos, uma vez que se têm verificado alterações sociais no papel da mulher. “Estão, progressivamente, menos dependentes do marido e o casamento já não tem uma dimensão eterna”, asseverou a responsável.
Constata-se, deste modo, que os idosos são, cada vez mais, um alvo fácil de violência por parte de funcionários da instituição onde estão inseridos e, até mesmo, da própria família. No entanto, e ao contrário do que se passa com a mulher, continuam dependentes do agregado e instituições de acolhimento, pelo que não se registam muitas queixas de violência relativamente aos mais velhos. “Os idosos estão dependentes do seu cuidador que também é o seu agressor”, lamentou Teresa Barreira.
Quanto à violência praticada nas instituições, a responsável afirma que é difícil conhecer a dimensão do problema, pelo que a solução passa pela formação e triagem dos recursos humanos que trabalham nesses espaços. “É necessário que tenham competências e sensibilidades para cuidar dos mais velhos”, salientou a directora do CDSS.
Recorde-se que o número directo da linha de atendimento de apoio às vítimas, em Bragança, é o 273 304830. Este dispositivo assegura o anonimato e confidencialidade da chamada, pelo que a vítima será protegida e acompanhada em segurança.