Ter, 26/09/2006 - 15:41
A diminuição do número de hectares de amendoal no concelho e o crescente abandono da agricultura, principalmente por parte dos produtores mais idosos, foram os motivos que estiveram na origem da criação desta medida.
Para já, a Câmara está a encetar os primeiros contactos junto dos agricultores, através do Gabinete Agrícola e Florestal, após ter feito o levantamento dos hectares de amendoal abandonado e dos terrenos que podem ser plantados.
Segundo o vice-presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta (CMFEC), Pedro Sá Mora, alguns homens da lavoura já manifestaram interesse em ceder os terrenos à autarquia por um determinado período de tempo, que será estipulado nos protocolos que serão estabelecidos entre as duas partes.
“A Câmara não pretende substituir os agricultores, mas quer fazer candidaturas ao Ministério da Agricultura e a Fundos Europeus para plantar e revitalizar amendoal que se encontre abandonado”, explicou Pedro Sá Mora.
Durante a vigência dos protocolos, que deverão ter uma duração entre 5 a 10 anos, a autarquia deverá ficar responsável por todo o processo que envolve o amendoal, desde o cultivo à apanha. Após o término do contrato, os terrenos serão devolvidos aos proprietários.
Na óptica do vice-presidente da CMFEC, esta é uma forma de incentivar os mais novos a continuarem a cultivar os terrenos herdados dos pais.
Processo parado
O Jornal NORDESTE foi saber a opinião de alguns lavradores sobre este programa de revitalização e constatou que a maioria dos produtores consideram esta medida positiva. No entanto, a cedência dos terrenos à autarquia ainda não foi decidida, uma vez que a maioria dos produtores ainda estão a equacionar a hipótese de deixarem as suas parcelas nas mãos da autarquia.
Pedro Sá Mora reconhece que a desconfiança representa um obstáculo à implementação deste programa e esclareceu que se trata, apenas, de uma cedência temporária que pretende valorizar os terrenos. Só em casos pontuais, a Câmara poderá mesmo comprar as terras para plantar amendoal.
Quanto à implementação desta medida no terreno, o responsável afirma que no início do próximo ano já deverão aparecer os primeiros resultados, uma vez que a enxurrada que devastou o concelho obrigou a autarquia a traçar novas prioridades.
Dado que as amendoeiras em flor são um forte atractivo turístico, a autarquia não quer correr o risco de deixar perder este ex-libris.
Além disso, o elevado peso da amêndoa na economia do concelho também esteve na origem da criação do programa.
“Na década de 60, Freixo era o maior produtor de amêndoa da Europa. Mas, ao longo dos anos, o amendoal começou a ser substituído por culturas mais rentáveis, nomeadamente a vinha e o olival”, recordou Pedro Sá Mora.