Freixiel: o regresso dos segredos

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Ter, 30/01/2007 - 16:42


Tal como no ano passado, o leilão em honra de S. Sebastião rendeu 2 mil euros à paróquia de Freixiel, no concelho de Vila Flor.

Na tarde de anteontem, a população reuniu-se no adro da igreja paroquial para arrematar azeite, bolos caseiros, chocolates, galos, produtos hortícolas e, claro, os afamados “segredos” que tornam o leilão ainda mais disputado.
Longe vão os tempos em que papel velho, ratos ou pássaros mortos estampavam a desilusão no rosto dos compradores que arriscavam comprar uma caixa embrulhada, sem saberem o que iriam encontrar lá dentro. Hoje, os “segredos” de Freixiel são feitos de fumeiro, bebidas ou doçaria, de modo que ninguém se arrepende de lançar 3, 5 ou 10 euros por cada caixa misteriosa.
A tradição está mais viva do que nunca, muito à custa da persistência de Olímpia Coelho, que há cerca de 30 anos começou a recuperar um costume antigo. “Antes eram os homens, impulsionados pelo senhor Aragão, que recolhiam as ofertas, mas ele morreu e isto estava a perder-se”, recorda a ex-professora primária de Freixiel.
Consciente de que “as pessoas queriam dar, mas não havia quem fosse pedir”, Olímpia Coelho juntou os alunos da escola da aldeia e começou a dar a volta às casas, com a ajuda duma carrocinha conduzida pelo sacristão da paróquia. “Hoje já usamos um tractor”, faz questão de realçar.
A tradição é secular e os habitantes de Freixiel não querem voltar a perdê-la, de modo que o leilão é símbolo de generosidade. “As pessoas dão e compram o que dão”, garante Olímpia Coelho.