Floresta invadida por vegetação

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Ter, 08/11/2005 - 15:38


A floresta de pinho da Serra de Formil, às portas de Bragança, foi invadida por densa vegetação que transformou o local num autêntico “barril de pólvora”, em especial no pico do Verão.

Segundo o presidente da Comissão de Baldios de Formil, José Batista, o Estado devia dar o exemplo na limpeza da floresta. “O ministro da Agricultura vem a público dizer que os particulares devem limpar as matas, quando a floresta que pertence ao Estado se encontra suja”, realça o responsável.
José Batista assevera que o exemplo deve “partir de cima” e lança um desafio aos representantes do Governo, para visitarem as matas do Estado no Nordeste Transmontano, onde a vasta vegetação faz disparar os riscos de incêndio.
A limpeza da floresta é, por isso, uma das principais preocupações da Comissão de Baldios de Formil, que tem vindo a elaborar projectos para a devastação das áreas florestais.
“Em 2002 apresentamos um projecto para a limpeza da Serra de Formil e só nos foi autorizada a devastação na floresta de carvalho e de bétulas, enquanto que a floresta de pinho é a que mais precisa desta intervenção”, garante José Batista.

Lenha vira estrume

O responsável salienta, ainda, que a limpeza das matas é fundamental para prevenir os incêndios na época do Verão, principalmente naquela zona de grande densidade florestal.
Trata-se de 500 hectares de pinheiros que se encontram completamente ao abandono, uma vez que “o Ministério da Agricultura não autoriza a limpeza desta área”, acrescenta o responsável.
Mesmo assim, os compartes não desistem e a lenha resultante da limpeza na Serra de Formil poderá gerar receitas. É que a Comissão de Baldios vai levar a cabo um projecto para a reciclagem a de lenha, que tem como principal objectivo transformar os paus em estrume. A transformação vai ser feita no próprio local e pretende aliar a limpeza das áreas florestais à valorização dos recursos naturais.
“Como não temos dinheiro, esta é uma maneira de angariarmos verbas e, ao mesmo tempo, preservarmos o nosso património natural”, enfatiza José Batista.

Serra de Formil esquecida

Os apoios para a limpeza da floresta são, também, uma das reivindicações dos compartes, que defendem a prevenção dos incêndios florestais. “Se as florestas estiverem limpas podem ser evitados muitos incêndios. Este ano, passei muitas noites na Serra de Formil para vigiar a área de pinhal”, realça o presidente da Comissão de Baldios.
José Batista aponta, igualmente, o dedo à Câmara Municipal de Bragança, visto que “tem disponibilizado máquinas para a limpeza de algumas áreas florestais do concelho e tem esquecido a Serra de Formil”.
O Jornal Nordeste contactou os Serviços Florestais e a Câmara Municipal de Bragança, para obter esclarecimentos sobre a limpeza das florestas, mas, até ao fecho da edição, não foi possível obter qualquer esclarecimento.