A Floresta

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Ter, 08/11/2005 - 17:18


Matas por limpar e antigas casas florestais a cair aos pedaços. Eis alguns dos cartões de visita da floresta portuguesa.
Fruto de políticas de reflorestação erradas, as matas do País transformaram-se em autênticos barris de pólvora e, apesar das boas intenções dos sucessivos governos, são precisos muitos anos de luta para devolver a limpeza à floresta.
Podem vir muitos projectos financiados pela União Europeia para plantação e limpeza, que se cairá sempre no mesmo. Quando se acabam os subsídios, volta-se sempre ao mesmo, com o mato a tomar conta do pinho ou carvalho.
Durante e após as épocas quentes de incêndios os governantes apressam-se a anunciar planos de prevenção e reflorestação. Este ano, o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, até lançou um repto aos privados, após uma acalorada visita à área ardida da Petisqueira, no Parque Natural de Montesinho.
O governante, contudo, esqueceu-se que o Estado dá o pior exemplo nesta matéria.
O caso de Formil, que noticiamos nesta edição, é, apenas, uma gota no oceano. Pergunte-se a qualquer Comissão de Baldios por esse País fora que, certamente, apontarão o dedo ao Estado em matéria de limpeza prevenção de fogos.
Longe vão os tempos em que os Serviços Florestais eram um dos órgãos mais poderosos de Trás-os-Montes e Alto Douro. A floresta encontrava-se dividida em cantões e cada Casa Florestal alojava uma família que vivia na e para a Floresta. Hoje, as casas estão entregues a si próprias, as brigadas de sapadores que, entretanto, foram sendo formadas, vivem nos meios urbanos, a vigilância só aperta nas épocas de fogos e o mato vai-se acumulando entre pinheiros e eucaliptos.
As antigas casas, de resto, são o espelho da importância que a Floresta tem merecido dos sucessivos governos. Desprezo, abandono e inércia, com promessas (muitas) à mistura. Todos já prometerem e prometem encontrar uma solução para este património. Ninguém, até à data, conseguiu retirar as casas do abandono. Será que vai ser José Sócrates marcar a diferença?