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Feira de produtos biológicos

Qui, 29/06/2006 - 10:33


Sugiro que se faça nos espaços antes reservados aos talhos do antigo mercado municipal na Praça Camões, nestes tempos em que o saudável está na moda, uma feira de produtos biológicos.

Trás-os-Montes tem uma enorme vocação para este tipo de produtos e é na agricultura biológica que está o futuro. Para além de defendermos o ambiente estamos a defender a nossa saúde e a contribuir para a preservação de todo o planeta.
Quando se fala de agricultura biológica não nos lembramos, por exemplo da castanha, da amêndoa, da azeitona e de muitos mais produtos que se cultivam na nossa região que se pode considerar potencialmente muito rica.
A grande maioria das pequenas explorações agrícolas das nossas aldeias, são quase biológicas, necessitando apenas de alguma orientação técnica para se abolirem os herbicidas e germicidas sintéticos pelos naturais que os nossos antepassados utilizavam nas suas culturas.
Lanço aqui, também, a ideia da criação de um restaurante natural – Macrobiótico/Vegetariano, a que sugerimos dar o nome de “Cachimbo”. (Existe aqui alguma contradição, já que o senhor Cachimbo era proprietário do talho do mercado, no entanto a vida está cheia de contradições e até mesmo a pirâmide de alimentação Macrobiótica prevê a utilização da carne biológica esporadicamente.) Sei que pode parecer um sacrilégio falar de um restaurante onde não se come carne nesta região onde temos carnes de qualidade excelente, mas o equilíbrio existe quando todas as valências estão a ser utilizadas e o facto de se poder frequentar um restaurante que privilegie os produtos vegetais e biológicos só pode contribuir para a nossa saúde e bem-estar. Existem restaurantes deste tipo um pouco por todo o país e Vila Real aqui tão perto não foge à regra.
Tudo pode ser produzido na nossa região. Temos o melhor pão do mundo quando é confeccionado com farinhas de origem biológica e fermento natural e é cozido em forno de lenha. Não há nada mais saudável do que um pão com essas características.
Produzimos frutas e legumes de excelente qualidade aos quais não damos o devido apreço. Não há fruta que não se possa produzir em Trás-os-Montes, desde a maçã da Carrazeda, a laranja de Freixo, a cereja de Alfândega, os pêssegos da Vilariça, os melões, melancias, peras, figos, uvas produzidos um pouco por toda a parte, tudo se pode plantar e produzir.
Que dizer dos nossos legumes? Os grelos de Vinhais que são mais conhecidos em França do que aqui, as couves, as abóboras, as cebolas, enfim, tudo.
Os cogumelos de Vila Flor e Mogadouro abastecem o mercado nacional e internacional e são conhecidos pela sua qualidade de excelência.
Temos o melhor azeite do mundo. Temos o melhor vinho do mundo. Que mais nos faltará para transformarmos esta região no paraíso dos produtos biológicos?
Falta-nos apenas a vontade de ir à luta e a coragem para valorizar o que é nosso e único.
Na anterior edição deste jornal uma das notícias da primeira página diz-nos que “Dados do INE colocam no topo agricultores transmontanos – AGRICULTURA MILIONÁRIA” e diz-nos que “somos a região do país com mais jovens agricultores e que no período entre 2000 e 2004 calcula-se que os agricultores transmontanos tenham movimentado qualquer coisa como 3.751.115.400 euros, valor que não tem paralelo em qualquer sector de actividade com expressão na região.” Diz-nos ainda que a lavoura ocupa uma percentagem de 44,2% da população, o que é muitíssimo. No entanto na relação entre produção e a compensação financeira a história é outra: “…cada agricultor transmontano recebe menos do que os seus congéneres ribatejanos ou alentejanos, situação que pode ser explicada com a dimensão da propriedade, já que as ajudas à produção também variam consoante a área do terreno”.
Imagine-se voltarmos este nosso potencial agrícola para a agricultura biológica, criando canais de exportação para o estrangeiro e auto estradas de comercialização dentro do país… estou convencido que o sucesso far-se-ia sentir rapidamente e que todos beneficiaríamos com isso.
Aqui ficam estas duas sugestões: que se crie uma Feira de Produtos Biológicos e um Restaurante Macrobiótico/Vegetariano. Pode ser que assim possamos, de alguma forma, contribuir para que o governo socialista possa cumprir a sua promessa de diminuir significativamente a taxa de desempregados em Portugal.

Marcolino Cepeda