A Falar do Dia Mundial da Criança

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Ter, 07/06/2005 - 16:11


Antes de mais, quero penitenciar-me e pedir desculpa aos eventuais e mais atentos leitores, pelas incorrecções constantes no meu artigo, inserido na edição deste jornal, no dia 24 de Maio.

Celebrou-se na pretérita quarta-feira, 1 de Junho, mais um dia dedicado à criança. A propósito, relembro que no ano de 1952, a União Internacional para a Protecção da Infância propôs às Nações Unidas a criação de um dia especial, dedicado a todas as crianças do mundo, o que de facto veio a acontecer.
Pretendia-se que a humanidade se consciencializasse de que elas têm os mesmos direitos que os adultos e, por conseguinte, deviam beneficiar de uma boa educação, de cuidados médicos adequados, de uma alimentação de qualidade, de uma habitação condigna, de protecção contra os inúmeros perigos que as ameaçam, de uma sólida preparação para a vida e ainda, outros que agora não menciono.
Apesar dos esforços desenvolvidos por autoridades responsáveis e por organizações não governamentais e da celebração mais ou menos pomposa e mediática da data, continua a haver milhões de crianças escravizadas, torturadas, sem casas, a dormir ao relento, a morrer à fome, sem cuidados médicos, violadas e mutiladas.
Alguém escreveu um dia que, “em cada criança que nasce, o mundo começa do zero, que elas sabem o sentido exacto da fraternidade… e confiam… mas também esperam por dias melhores.”
Então porque existem tantas crianças esquecidas e totalmente abandonadas?

É urgente que todos, em qualquer canto do mundo, compreendam, verdadeiramente, os sentimentos e anseios delas, sobretudo das mais desfavorecidas, que ponderem os graves problemas que as afligem e que os resolvam de uma vez por todas. Basta que suspendam por segundos, durante um dia, o egoísmo, a vaidade, e outras ambições desmesuradas e lhes garantam a paz espiritual e social, para que a efeméride deixe de ser apenas, mais um dia da criança, a cumprir no calendário e passe a ter, efectivamente, um real significado que marque profundamente as suas vidas.
Se o rumo dos acontecimentos não se alterar, as desigualdades sociais, as injustiças, o sofrimento e a desgraça hão-de continuar a ser uma constante nas suas vidas e jamais gozarão um único dia como crianças.
Mas, os homens podem alterá-lo, assim o queiram. Aliás, é uma questão de justiça, de dignidade, de competência, de boa vontade e, sobretudo, de eficácia.

António Afonso