Ter, 14/11/2006 - 16:08
Houve tempos, até, em que os concertos da Semana Académica se realizavam na Cidadela, junto ao Castelo de Bragança. Tudo mudou. Hoje, uma das poucas coisas que aproxima a cidade da Recepção ao Caloiro e da Semana Académica são aos autocarros gratuitos que transportam os estudantes entre a Av. Sá Carneiro e o pavilhão do NERBA.
O cartaz da Recepção ao Caloiro 2006 é o exemplo acabado do divórcio que continua a existir entre as tradições académicas e a comunidade local. Nem uma referência à data e hora do desfile do caloiro, uma das actividades com mais possibilidades de envolver a população da cidade. O mesmo se pode dizer da Serenata (será que houve?) e Baptismo do Caloiro, pois o conteúdo dos cartazes afixados nas ruas e montras de Bragança não foi além do nome dos grupos musicais e dos DJ´s convidados.
E, como se isto não bastasse, o palco das tradições académicas só contribui para aumentar o fosso entre a academia e o meio. O pavilhão do NERBA pode ser uma boa solução para afastar da cidade eventuais ruídos provocados pelos espectáculos e deslocações maciças de jovens a caminho de luz e som. O pior é que os autocarros gratuitos que ligam a Av. Sá Carneiro e o pavilhão da associação empresarial não transportam só estudantes. Levam consigo a bordo todo o ambiente académico que deveria colorir as noites de Bragança, deixando cafés e bares quase às moscas. Os empresários da diversão nocturna, aliás, são os primeiros a dizer que as festividades académicas não significam grande movimento das máquinas registradoras. Antes pelo contrário.
Mas, enfim, as tradições estudantis tiveram o mesmo destino que as Festas da Cidade e a Concentração Motard. Ou seja, foram levadas do centro, não para melhor, mas para mal da cidade. Afinal, em 365 dias do ano não seria uma ou outra semana, bem distribuída pelo calendário, que levaria os moradores do centro a queixarem-se do barulho. Pior é o estado moribundo em que se encontra o casco urbano, muito longe do fulgor de outros tempos.