Estações de serviço à moda romana

PUB.

Ter, 08/08/2006 - 15:23


Quem visita Castro de Avelãs, nos arredores de Bragança, pode encontrar, entre outros pontos de interesse, a Igreja que integra o que resta do antigo mosteiro beneditino, que ali se instalou no século XII e se tornaria numa abastada e influente instituição regional.

No entanto, muitas pessoas desconhecem que pela localidade passava a Via XVII, do Itinerário de Antonino, uma estrada romana que ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga), por Aquae Flaviae (Chaves).
O traçado desta via, restaurado e estudado no âmbito do projecto VIAS AVGVSTAS, proporcionará um novo roteiro turístico-cultural, baseado num percurso pedestre entre as cidades de Braga e Astorga.
A Via XVII, que partia da cidade minhota até Chaves, através de uma única ligação, bifurcava a partir da localidade flaviense, dando origem às variantes sul e norte, e só voltava a “juntar-se” no Castro de Avelãs, seguindo depois, num só traçado, até Astorga.
Nas imediações da actual aldeia bragançana, os antigos viajantes podiam pernoitar e descansar da longa jornada numa mansio. Tratava-se de um local das vias que, à semelhança das actuais estações de serviço, prestava auxílio aos que percorriam a Via XVII. Assim, as pessoas que se deslocavam de umas localidades para outras podiam utilizar os albergues de apoio distribuídos estrategicamente, de modo a proporcionar alimentação, repouso, muda de animais e assegurar qualquer reparação dos carros, no final de jornada. Pensa-se que naquela via romana existiam “estações de serviço” de 44 em 44 quilómetros.
Assim, de acordo com diversos investigadores, em Castro de Avelãs, no sítio da Torre Velha, terá existido uma das mansiones referidas no Itinerário de Antonino, seja Compleutica, para uns, ou Reboretum, para outros.

Capital do povo Zoelae

Como resultado do processo de Romanização, a região, que faz parte, actualmente, do norte do distrito de Bragança, foi integrada na civitas Zoelarum, unidade administrativa regional. A sede deste “povoado” foi localizada na Torre Velha de Castro de Avelãs, com base nos vestígios recolhidos no local e na distribuição dos sítios com ocupação na época romana. Aí, habitava a gente Zoelae, pertencente ao povo Astur, cuja produção de linhos se terá destacado.
O papel central que Castro de Avelãs terá desempenhado, neste região, durante o período romano, ter-se-á mantido na Idade Média até à extinção do mosteiro de S. Salvador, no século XVI.