Estações arruinadas

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Ter, 05/07/2005 - 17:39


Corria o ano 2001 quando foi anunciado um programa de turismo de natureza para transformar cinco estações da antiga Linha do Sabor em unidades de alojamento turístico.

Passaram quatro anos e a única coisa visível a olho nu são meia dúzia de placas de sinalização de um percurso pedestre do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), cuja modernidade contrasta com a decadência das estações de Duas Igrejas, Sendim, Urros, Bruçó e Freixo de Espada à Cinta. No que toca às duas primeiras, chega a ser criminosa a forma como se está a deixar perder os painéis de azulejos que decoram as fachadas das estações. Conjuntos únicos degradam-se a cada dia que passa, à espera que as promessas feitas há quatro anos passem do papel à prática.
Na altura, uma parceria entre autarquias, Instituto de Conservação da Natureza, PNDI e REFER fazia crer que o turismo ia salvar as cinco estações. Hoje, constata-se que a única coisa que tomou conta das antigas gares foram as silvas e o abandono.
Aquando do lançamento do projecto de reabilitação, fizeram-se cartazes alusivos aos programas de turismo de natureza (alguns dos quais ainda decoram as paredes de organismos públicos), como logótipos de todos os parceiros envolvidos, inclusive da REFER.
Mas, quando os municípios souberam que os investimentos estavam em jogo, o recuo foi total, pois a recuperação do património ferroviário deve ser competência da REFER e não dos cofres das autarquias.
Foi assim que tudo voltou à estaca zero, com os municípios a acusar a empresa de querer cobrar “mundos e fundos” pela cedência da linha e com a REFER a adoptar a lei da rolha.
Quem fica a perder no meio disto tudo são as cinco magníficas estações e os três concelhos, que continuam privados das tais unidades turísticas.
Se os homens que lutaram para que o caminho-de-ferro desbravasse o Planalto Mirandês voltassem e vissem o estado a que chegaram as estações, sentir-se-iam desrespeitados e tão desprezados como o património ferroviário que jaz entre as silvas.