Escolinhas

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Ter, 17/01/2006 - 16:57


Quando David Justino, ministro da Educação de Durão Barroso, anunciou o encerramento das escolas com menos de 20 alunos até 2009, poucos queriam acreditar. Na altura, ainda faltavam 6 ou 7 anos e, como é hábito em Portugal, o redimensionamento da rede escolar ficaria pelo caminho nesse espaço de tempo.

Em 2009 o Governo até já nem seria o mesmo, pensaram alguns, pelo que, no máximo dos máximos, apenas as escolas com menos de 10 alunos conheceria a morte antecipada.
De facto assim foi. O Governo mudou, mas o encerramento dos estabelecimentos com menos de 20 alunos não ficou esquecido. Para evitar que a decisão se perca no tempo, o Ministério da Educação até decidiu antecipar as medidas e propor o encerramento das escolas com menos de duas dezenas de crianças já a partir de 2006-2007.
À medida que o novo mapa educativo vai sendo delineado, as autarquias saem em defesa da manutenção de pólos escolares em determinadas localidades do mundo rural. É que há concelhos do distrito de Bragança, como é o caso de Freixo de Espada à Cinta e Alfândega da Fé, que ficarão reduzidos a um único centro educativo, caso se concretize a proposta da DREN. Outros há que terão quatro pólos de ensino no meio rural, em vez dos seis propostos pela edilidade, situação que ocorre em Bragança.
Pergunta-se: valerá a pena fazer braço de ferro para agrupar e manter abertas escolas que hoje têm 20 alunos, mas dentro de pouco tempo voltarão as estar ameaçadas pela falta de crianças e consequente encerramento? Valerá a pena as autarquias investirem em pólos de ensino que estarão obsoletos dentro de cinco ou seis anos? Será boa prática de gestão equipar tais centros escolares com computadores, cantina e todas as condições para proporcionar um ensino de qualidade?
Se a intenção for adiar por alguns anos, ainda que poucos, o encerramento de determinados estabelecimentos, a resposta é sim. Se a ideia for preparar o futuro e criar pólos de ensino devidamente sustentáveis, a resposta é não.
Cabe, então, às autarquias saber o que é melhor para as crianças e decidir se vale a pena manter algumas escolinhas em funcionamento.