Escola de Bombeiros por um fio

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Ter, 03/10/2006 - 14:40


A Escola Nacional de Bombeiros (ENB) suspendeu os cursos no Centro de Formação de Bragança (CFB), para o próximo ano, devido à falta de condições para ministrar aulas de qualidade aos soldados da paz.

A deficiência das instalações são o principal entrave ao funcionamento da ENB, uma situação que já se arrasta desde 1998, altura em que o Centro de Formação foi inaugurado.
A crescente degradação das instalações levou os dirigentes da ENB a suspender a formação no Nordeste Transmontano, alegando que não é possível continuar a deslocar formandos de diversos pontos do País sem as condições adequadas, tanto para a sua permanência, como para obterem uma formação de qualidade.
“Nós apostamos na descentralização, mas não há moral para cativar bombeiros, por exemplo do Algarve, para chegarem aqui e encontrarem condições insuficientes”, lamentou o coordenador do CFB, Vítor Xanta Pereira.
A par da antiguidade do edifício, a humidade e o frio, no Inverno, são alguns dos obstáculos com que se deparam não só os formandos, mas também os formadores e funcionários do Centro. Estes problemas também acarretam custos acrescidos para a instituição, nomeadamente ao nível da electricidade.

Qualidade comprometida

Além disso, os problemas com o abastecimento de água e com o saneamento também afectam o dia-a-dia dos bombeiros.
“O saneamento entope constantemente e os problemas ao nível do abastecimento de água impossibilitam a utilização de todos os chuveiros simultaneamente. Também tivemos que desactivar uma camarata devido à degradação pela humidade e pelos esgotos que invadiam o espaço”, descreveu o responsável.
A falta de espaço ao nível do alojamento dificulta, igualmente, o trabalho da ENB, uma vez que tem que constituir as turmas de acordo com as vagas existentes nas camaratas. “Temos 19 lugares para homens e, apenas, 5 para mulheres, o que é insuficiente, dado que o número de mulheres tem vindo a aumentar”, realçou Vítor Xanta Pereira.
O espaço exterior também não oferece as condições adequadas à formação, tanto pela exiguidade, como pelo estado de conservação.
Vítor Xanta Pereira afirma que a ENB tem vontade em manter o Centro de Formação no Nordeste Transmontano. No entanto, na óptica do responsável, a sua localização depende de uma “convergência de vontades” entre o Ministério da Administração Interna e os municípios da região.
O responsável acrescenta, ainda, que tem esperança na resolução do problema até ao final do ano, realçando que o importante é assegurar as condições logísticas necessárias ao funcionamento do Centro de Formação, para que os recursos humanos possam ser rentabilizados de forma eficiente e eficaz.

Futuro incerto

Apesar do CFB ter mantido uma média anual que ronda os 400 formandos, a diversidade de cursos ministrados, este ano, diminuiu significativamente em relação ao ano passado.
Em 2006, já foram leccionados 14 cursos de Operador Central e dois de Formação Pedagógica Contínua de Formadores, estando, ainda, previstas seis acções de formação para Operador Central e uma para o curso de Formação Pedagógica Inicial de Formadores.
Mas, para o próximo ano não existe qualquer plano de formação, uma vez que, após 8 anos de reivindicações, a ENB chegou a uma situação limite, decidindo suspender a formação enquanto não for dotada de novas instalações.
Recorde-se que a Câmara Municipal de Bragança já anunciou possíveis espaços para acolherem a ENB, entre os quais a Quinta da Trajinha e um edifício municipal contíguo ao Nerba. No entanto, ainda não conseguiu chegar a um acordo com o Poder Central para a manutenção desta instituição na capital de distrito, uma situação que poderá levar à deslocação do Centro de Formação para outro concelho do Nordeste Transmontano.